Quem não se recorda de ser catraio e, movido pela vontade própria ou por indicações parentais, ter uma vontade incrível de ajudar, fosse a transferir uma velhinha de um lado para o outro da estrada, a dar de comida aos patos do lago ou a tirar as gotas de água da louça antes de esta regressar às gavetas e armários?Em “Acho que posso ajudar” (Alfaguara, 2014), livro de David Machado com ilustrações de Mafalda Milhões, recupera-se este lado de bom samaritano que, ao longo da vida, tendemos a perder.
Tudo começa num dia de muito vento, em que a avó do nosso pequeno herói diz não poder sair à rua para não estragar o seu belo penteado. O nosso pequeno herói tem uma ideia e, em três tempos, consegue prender o vento num barracão que fica ao fundo do jardim da casa. O problema é que, sem vento, o moinho não anda e o pão não aparece, o que provoca a revolta popular. Mas o que não faltam são ideias ao nosso pequeno herói, que vai resolvendo os problemas que surgem em série, e no fim tudo acabará bem (ou mais ou menos isso).
David Machado mostra-nos como a fantasia e o imaginário ajudam a dar cor à realidade, tal como ter noites iluminadas a pinceladas de tinta azul-clara, desatando balões que ficaram presos nas nuvens ou reaprendendo a ter medo de monstros – afinal, quem não tem medo deles?
Humor, muita beleza e uma grande imaginação, num livro visualmente poético que nos devolve a esperança num mundo melhor e, sobretudo, mais traquina. Para os mais pequenos está ainda reservada uma grande surpresa: um livro para escrever e colorir, com ilustrações retiradas de “Acho que posso ajudar”.
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