Traduzido em 36 países, “A incrível viagem do faquir que ficou fechado num armário Ikea” (Porto Editora, 2014), da autoria de Romain Puértolas, tornou-se num dos maiores e mais recentes fenómenos da literatura francesa.
O livro conta a história de Ajatashatru Patel, faquir de profissão que vai vivendo de expedientes e truques fáceis. Certo dia acorda com a ideia fixa de comprar uma nova cama de pregos e, como que bafejado pela sorte, descobre um anúncio a uma cama de pregos fabricada pelo império sueco da Ikea, por uns módicos 99,99€ .
Vestindo um luminoso fato de seda e o seu melhor turbante, Patel deixa a Índia com destino ao aeroporto Charles De Gaulle, em pleno coração parisiense, onde apanha o primeiro táxi com destino a uma das muitas lojas Ikea da cidade, enganando o taxista que lhe pretendia passar a perna – fazendo um percurso alargado -, com recurso ao velho truque da nota e do fio invisível – e de muita habilidade.
Na loja, porém, as coisas não correm como planeadas. Para além da cama custar um pouco mais do que o anunciado na campanha, a loja terá ainda de encomendar a cama de uma outra sucursal, o que obrigará Patel a pernoitar por uma noite na loja e, também, a encontrar uma forma de reunir mais umas dezenas de euros, já que chegou a França com o dinheiro contado. Já depois do fecho, quando tenta esconder-se de uns funcionários que fazem despreocupadamente a ronda, vê-se metido dentro de um armário que está prestes as ser despachado para Inglaterra, dando início a uma aventura feita de encontros amorosos, perseguições policiais e desejos de vingança.
O livro lê-se como um conto trajado de farsa, uma semi-reflexão nada séria sobre o destino dos emigrantes ilegais que, não sendo levado demasiado a sério, poderá tornar-se numa divertida companhia durante um par de horas. E que, muito provavelmente, terá feito com que a Ikea oferecesse a Puértolas uma renovação da sua casa da sala ao quarto.
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