Quando se fala de escritores suecos, Stieg Larsson continua a ser referência, a comparação, como o fez o jornal The Observer para chamar a atenção para Johan Theorin. Porém, muito provavelmente Johan Theorin não irá precisar deste lançamento comparativo durante muito tempo, isto a fazer fé em “A hora das sombras” (Porto Editora, 2014), a sua primeira obra que conseguiu o prémio para o melhor livro sueco em 2009 e o CWA International Dagger.
A origem do drama decorre em 1972 com o desaparecimento de Jens, uma criança de 5 anos. Vinte anos mais tarde, com o aparecimento de uma das sandálias de Jens, enviada por encomenda anónima para o avô Gerlof, o mistério por resolver movimenta-se novamente. O vai e vem entre o passado e o presente permite-nos ir descobrindo a história de várias pessoas, nomeadamente a de Nils Kant, um homem que assombrou Oland – a povoação onde passado e presente se cruzam no livro.
A “Hora das Sombras” é muito mais do que um thriller, ou um livro que nos traz um mistério por resolver. É a imersão numa vida em que há perda e angústia, mas que também nos mostra as diferentes formas de viver a tragédia, o desaparecimento. A vida transforma-se e, então, o que é que nos impele a viver ou a desistir? O que é nos afasta dos outros? O que é que nos pode reconciliar?
Com uma escrita que parece simples, Johan Theorin consegue fazer-nos experimentar as diferentes variações do cinzento e negro da perda e do sofrimento. Sem dúvida um dos grandes livros de 2014.
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