Sete décadas depois ainda é preciso que a estrela de seis pontas esteja escondida na capa deste livro. Ou que, então, escondê-la e revelá-la seja um exercício sempre urgente, como um abrir e fechar de olhos permanente, para que não se esqueça, para que sempre se lembre.
“A história de Erika” (Kalandraka, 2015) é um livro comovente sobre um tema inesgotavelmente chocante, por muitos anos que passem e por muitos livros que se publiquem. Erika é um caso de sobrevivência dentro de uma tragédia que atingiu seis milhões de pessoas, entre 1933 e 1945: o Holocausto.
Quando se recordam os 70 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz, contar esta história é apelar à memória, para que tal nunca mais se repita. Assim, este álbum ilustrado está indicado no Plano Nacional de Leitura – Ler +, aconselhado para crianças a partir dos 10 anos.
Com frases breves, precisas, sem metáforas, Ruth Vander Zee evoca cruamente o drama. O relato da vida de Erika é um desenrolar de perguntas sem resposta, de um passado desconhecido mas muito questionado. Desfiando dúvidas, Erika conta como, com poucos meses de vida, foi atirada pela própria mãe do comboio sobrelotado que levava a família para um campo de concentração. Nas palavras citadas de Erika, «no seu caminho para a morte, a minha mãe lançou-me para a vida.»
As ilustrações de Roberto Innocenti baseiam-se no hiper-realismo, sempre cinzentas e monocromáticas, apenas recebendo apontamento de cor em detalhes muito precisos, verdadeiras lufadas de esperança. Depois, ganham todos os tons quando o passado dá lugar a um tempo presente e a um futuro que se exige mais tolerante.
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