Claudia Clemente já tinha impressionado a comunidade literária com os seus contos, mas é com “A Casa Azul” (Planeta Editora, 2014), o seu primeiro romance, que marca a sua posição no mundo com uma harmonia de vibrantes palavras, num mistério provocante capaz de fazer inveja a Záfon e de profundas e caricatas personagens ao estilo de Kundera.
Um agente da PIDE, duas irmãs gémeas que ignoram a existência uma da outra, um português residente em Paris gravemente queimado, uma mulher que sente saudades da sua casa de infância. Tudo isto conjugado com a Casa Azul.
Não basta ter apenas uma narrativa forte e um leque de personagens excêntricas para fazer um bom livro como este – a escritora portuense tem o dom da escrita. Ao aproximar-nos do fim, sentimos o mundo de cada personagem a abalar, desconstruindo-se, para formar um único universo de figuras, uma melodia que principia extravagante e, graças ao talento da escritora, acaba harmoniosa e coesa.
Até lá, um crescendo de emoções aflora no peito do leitor, como numa sinfonia, em que o espetáculo de emoções sentidas é demasiado forte para sequer tirar os olhos das páginas. Pressente-se o fim e quer-se abrandar o ritmo – impossível. Atingido o clímax: Paz, satisfação…
Sim, “A Casa Azul” é uma sinfonia.
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