Quem nos seus tempos de catraio andou na catequese e chegou à primeira comunhão, muito provavelmente terá tido como prenda, para além de um vestido ou de um fatinho branco para envergar orgulhosamente na cerimónia, uma versão da Bíblia contada às crianças.
S
e tivéssemos de atirar à sorte alguns nomes de escritores nacionais para adivinhar quem se dedicou a escrever histórias infantis a partir da Bíblia, muito provavelmente o nome de Dulce Maria Cardoso não apareceria no topo das possibilidades. A verdade é que a autora de “O retorno”, numa parceria com a ilustradora Vera Tavares, criou a personagem de Lôá, uma menina-deus. «Tudo aconteceu mais ou menos assim: um dia Lôá pôs-se a desenhar. Criou um mundo que lhe pareceu tão belo e tão bom que quis entrar nele. Desde então, vive perdida nesse mundo.»
Até à data foram editadas duas aventuras desta menina-deus: “Lôa e a véspera do primeiro dia” (Tinta da China, 2014) e “Lôa perdida no paraíso” (Tinta da China, 2014). Ambas as histórias partem de passagens bíblicas – a primeira à volta da criação do mundo, a segunda num passeio através do jardim no Éden e da criação do homem e da mulher -, onde a palavra sagrada é contada aos mais pequenos como se chegasse de um mundo mágico onde todas as possibilidades estão em aberto – navegamos aqui no território do sonho.
As ilustrações de Vera Tavares possuem um forte apelo geométrico, para além de uma costela arrancada às Mil e Uma Noites na qual vislumbramos as suas cores e formas, fazendo destas histórias uma versão poética da maior história de aventuras jamais criada, sejamos nós cristãos ou ateus.
Para lá da indicação das passagens bíblicas que inspiraram cada uma das histórias, os livros incluem algumas sugestões de exploração para educadores, dirigidas sobretudo ao contexto escolar mas também aos educadores em geral. Quando for convidado(a) para a próxima comunhão, agora já sabe o que poderá levar como presente.
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