Se há umas décadas atrás era complicado encontrar livros para os mais novos que pisassem o território do politicamente incorrecto – a Pipi das Meias Altas foi, de certa forma, uma agulha no palheiro -, o que não falta nos dias que correm são títulos que deixam o bom comportamento para outro lugar que não o da literatura e entretenimento. Dennis o Pimentinha é um desses casos sérios de mau comportamento, alguém que se intitula o rei das partidas e que está a meia unha negra de ser considerado um perigoso bully.
Em “A Batalha de Beanotown” (Booksmile, 2015), o segundo livro da série intitulada O diário de Dennis o Pimentinha – escrita por Steven Buttler, finalista do Roald Dahl Funny Prize -, Dennis começa desde logo por compor um hino anti-primavera no seu diário: «Flores!! Flores estúpidas, com a mania, murchas, a agitarem-se na brisa, cor de rosa, malcheirosas, a balançarem-se, sentimentalonas e felizes. Odeio flores!!»
Para quem não sabe, o diário foi uma imposição – um castigo – da “profe” Creecher por Dennis não ter feito os TPCs de férias. Este, porém, decidiu transformá-lo num manual para pestinhas e, a julgar pela amostra, tem-no feito com muito zelo.
Nesta segunda aventura, Dennis está furioso com o facto de o presidente da câmara – o “megachato” – ter decidido organizar o primeiro concurso de flores de Beanotown o que, na sua opinião, irá atrair as piores criaturas da terra: os atinadinhos.
Dennis não é, porém, rapaz para ficar quieto diante de tamanho contratempo. Com a ajuda do seu esquadrão de pestinhas – composto pelo trio Caracóis, Bocarras e Cara de Tarte – decide sabotar o acampamento de Walter – um colega de escola – e os seus amigos Atinadinhos no Monte Beano, espalhando a história de que há por lá uma grande besta de nome Pé Grande. O resto, bem, é fácil de imaginar.
Com ilustrações de Steve May, que consegue transmitir na perfeição o espírito travesso e de alienação de Dennis e companheiros pestinhas, “A Batalha de Beanotown” oferece ainda uma lista ilustrada dos melhores lugares para pregar partidas em Beanotown – que facilmente poderão ser adaptados a outros lugares -, para além de conter um teste que põe à prova a memória e os conhecimentos dos pequenos leitores. Que, nunca é demais referir, não deverão tentar nenhuma destas travessuras em casa (e muito menos na escola).
Sem Comentários