É um livro infantil? Poesia para adultos descomprometidos? Letras que dariam canções para gravar um novo disco para meninos? “Rima não rima?” (Bairro dos Livros, 2015) é tudo isso e muito mais, qualquer coisa como um diário poético e bem humorado que trata de transformar a história pessoal – e sobretudo familiar – em fotografias reveladas com uma solução feita de versos e rimas (e por vezes a sua ausência).
Rui Portulez apresenta-nos o livro desta forma: “Este livro conta a história de momentos bem passados. Dias e anos felizes que fomos inscrevendo na memória familiar. São pessoais, banais especiais, e comuns a todos os filhos e pais.”
De facto, estão lá vários momentos que ficam gravados na história familiar universal: as conversas sobre a sopa e os seus milagres, o nascimento de um rebento, os passeios de fim-de-semana, gomas e até mesmo um tributo aos Xutos & Pontapés.
Visualmente o livro é uma pequena maravilha, que chega com a pouco habitual – em livros de poesia – capa dura, um papel refinado, bonitas ilustrações, um aprumado lettering e uma paginação de se lhe tirar o chapéu. Para crianças e adultos, “Rima não rima” devolve a poesia ao universo do quotidiano, fazendo da vida poesia que merece ser transformada em versos.
Fim-de-semana,
Quem quer?
Aos sábados de manhã
Vamos à Gulbenkian,
Gulosos e equipados
Sacos pão rijo aos bocados
E em vista um palmier,
Dê lá por onde der,
Pardais, peixes e patos
E outra malta patola
Há que dar corda aos sapatos
E pontapés na bola
E corridas e gritos
Ao sol que consola
Quando os dias estão bonitos
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