Quem diria que, ao 11º volume d´As Aventuras de Lucky Luke segundo Morris, viríamos o cowboy mais rápido que a própria sombra no papel de um Uber Eats ou Glovo dos malfeitores, tendo nos Irmãos Dalton o prato mais requisitado?
Assinado pela dupla Achdé & Jul, “Um Cowboy Sob Pressão” (Asa, 2024) mostra-nos Lucky Luke com sintomas clássicos de excesso de trabalho, com o médico a aconselhar repouso, uns analgésicos e a deixar-lhe um sério aviso: “Por enquanto, dispara mais rápido que a sua sombra… mas, no dia em que a sua sombra disparar mais rápido do que o senhor, não venha queixar-se!”.

Estamos em New Munchen, vila que sofre com uma greve massiva que paralisa todas as cervejeiras do Colorado e o Dakota, o que significa que todos os saloons estão parados: não há partidas de póquer, as dançarinas ficaram em casa e, quanto a linchamentos e duelos, nem vê-los. Com este cenário, o presidente da câmara pede a Luke que vá falar com os patrões e os trabalhadores das cervejeiras no papel de mediador, pondo fim a uma greve bem fincada e trazendo a cerveja de volta às torneiras sedentas.

Lucky Luke parte então para Milwaukee, conhecida como “The Brew City”, a capital americana das cervejeiras, com dezenas de fábricas a produzirem milhões de barris por ano. Uma cidade onde quase ninguém fala inglês, as regras são diferentes do resto do país e na qual os tempos de espera na saúde rivalizam com o nosso SNS. Um álbum com pronúncia alemã, uma banda sonora feita de ópera e onde os Irmãos Dalton mostram que desistir não é com eles. Mesmo a analgésicos, Lucky Luke continua em boa forma.
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