Continuamos a acompanhar Sambre, uma história de amor impossível situada a meio do século XIX, que conta com textos de Yslaire e ilustrações de Balac. Uma história onde o sobrenatural e a superstição dão cartas, sobretudo quando há gente de olhos vermelhos pelo meio.
“Sambre – Volume III e IV” (Arte de Autor, 2023) começa por nos transportar até à Paris do ano de 1848, onde a revolta está iminente à boleia de pregões populares como este: “A pêra está podre! Que venham novas primaveras!!”.
Julie Saintange tornou-se, de forma algo improvável, num símbolo do ideal da revolução, colocada grávida nas barricadas, tentando escapar às amarras de um pintor que a quer pintar como deusa impiedosa. Nas barricadas, há quem lhe ofereça o mundo possível, ao estilo de um Bonnie and Clyde: “Ofereço-te uma barricada como refúgio, uma espingarda para a defender e duas ou três boas razões para viver!…”.
Hugo, o pai de Bernard, previu antes de morrer que “uma rapariga de olhos vermelhos seria a desgraça dos Sambre”, tendo-o deixado registado em “A Guerra dos Olhos”, obra incompleta que espera por um familiar que a complete. Uma obra que começou a ser pensada após “a descoberta de um ossário pré-histórico no fundo de uma mina de carvão do Hugo Sambre”, e que ganha uma importância cada ve zmaior na série.
Um álbum duplo que atira com a vibe Romeu e Julieta às urtigas, transformando Julie Saintange numa mulher fatal com o poder de abalar as fundações do mundo. Os próximos dois volumes estão também disponíveis nas livrarias (falaremos deles mais para a frente).
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