Para quem conheceu Sarah J. Maas através das séries Cidade da Lua Crescente ou Corte de Espinhos, o primeiro – e homónimo – volume da série Trono de Vidro foi uma enorme surpresa. Gata de muitas vidas no reino da fantasia, a autora norte-americana retirou nesse arranque muito do esquentamento romântico presente nas outras séries, aproximando Trono de Vidro da fantasia à boa moda antiga, enquanto fazia de Celaena Sardothien uma heroína com o mesmo poder de fascínio de um Harry Potter ou um Frodo Baggins.
Agora no papel de Campeão do Rei – o que torna o assassinato oficial e permitido -, Celaena Sardothien vê a sua próxima missão ser apresentada pela boca do próprio rei: “Há um movimento rebelde a crescer aqui em Rithfold, um grupo de indivíduos que estão dispostos a fazer de tudo para me tirarem do trono… e que estão a tentar interferir nos meus planos. A tua próxima missão é erradicá-los e despachá-los antes que se tornem numa verdadeira ameaça para o meu império”. Rei que, para evitar que Celaena se ponha ao fresco antes de terminado o contrato, lhe estendeu uma ameaça: “se pisasse o risco, se o traísse, mataria Chaol. E depois mataria Nehemia e, a seguir, a família da princesa”.
Enquanto no Conselho decorrem os habituais jogos políticos, Celaena vê-se atirada para os bastidores de uma tentativa de revolução, que pretende que Aelin Galathynius, a herdeira perdida de Terasen, regresse ao trono. O problema é apenas um: segundo rumores oficiais e não oficiais, Aelin está morta. Para Celaena, que qual funâmbulo vai atravessando o gume de uma lâmina afiada, o mais importante é descobrir a origem do poder do rei, que parece estar para além do mundo real.
Sarah J. Maas consegue subir a parada neste “Coroa da Meia-Noite” (Marcador, 2024), colocando as wyrdmarks na linha da frente, alimentando a magia em lume brando e inventando, pelo caminho, um enigma com um olho, um batente de uma porta que é mestre da oratória e um labirinto que conduz às catacumbas da Biblioteca Real. O final é uma vez mais apoteótico, indicando a geografia que iremos descobrir em “Herdeira do Fogo”, o volume 3 da série: uma “terra de mitos e de monstros, reino de sonhos e de pesadelos tornado realidade”. Muito bom.
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