É mais um livro da Akipoeta, colecção da Akiara que pretende mostrar aos mais novos “a beleza dos pormenores”. Com texto de M. Carmen Aznar e ilustrações de Raquel Catalina, “O Jardim que Habitas” (Akiara, 2024) é a narração da viagem de uma vida inteira, começando pelo princípio de tudo: “A origem da tua origem foi um abraço quente de inverno”.
É um livro sobre o crescimento, passado no jardim do mundo, onde pés curiosos se aproximam “do arbusto das bonecas, da sementeira das pinturas, do matagal dos corações, da árvore alegre dos cânticos”. Sobre avós que, neste lugar, são jardineiros, tricotando cachecóis enquanto contam histórias.
As perguntas, os desassossegos e as lágrimas abundam, assim como a alternância entre “sins” e “nãos”, tudo através de flores e plantas que nos falam do ensino, feito com “folhas de manuais que te ensinavam verbos desconhecidos”; da idade adulta, preenchida com “relógios acelerados que cheiravam a pressa”; da saída da casa materna, com a mala cheia de “folhas bem dobradas”, “sementes”, “sapatos sem salto” e “flores de inverno e de verão”; ou a chegada da velhice, onde “acarinhavas esse vão, davas nome a essa ausência e retiravas as ervas daninhas para que elas não esmorecessem a recordação”.
Um jardim feminino, regado com sumptuosas ilustrações em estilos e técnicas diversos, capaz de surpreenderem tanto no assombro do preto e branco como numa vegetação de várias tonalidades. No final, a pergunta lançada ao leitor é esta: que metáfora habitas?
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