É pelos olhos de Gojo Satoru, feiticeiro de nível especial que acaba de ver retirada uma espada cravada nas suas costas, que nos chega um belo retrato de Fushiguro Toji, um assassino de feiticeiros que parece ter poderes de super-herói: “Descobri porque o acho estranho. Ele não possui nenhuma energia maléfica!! Um porte físico excepcional, agraciado pela dádiva da prisão!! Não consigo prever os seus movimentos!!”. Junte-se a isto um estômago invisível, capaz de esconder um Jurei portador de armas indetectáveis, e a invencibilidade parece estar ao seu alcance, sobretudo quando tira de cena Amanai, a Plasma Star que iria fazer um reset ao combalido mestre Tengen.
Recorrendo ao seu saco de truques depois da linha da máquina ter ficado na horizontal, Gojo saca de uma vida extra à boleia da descoberta da essência da energia maléfica, regressando eufórico e em modo Buda: “Seja no céu ou na terra, tudo o que sinto é o prazer de estar neste novo mundo. Somente existo eu”.
“Morte Prematura” (Devir, 2024), o volume 9 de um mangá onde a Filosofia e a Física andam lado a lado, é uma boa caixa de surpresas, onde a feiticeira de nível especial Tsukumo Yuki nos brinda com uma visão muito própria da escola de feiticeiros – “As pessoas aqui combatem sintomas. Eu quero combater as causas” – ou com um quase poema sobre os Jurei – “São como o lodo criado pelo depósito da energia maléfica emanada pelos humanos”.
Mas a maior surpresa de todas é sem dúvida Geto Suturu, pensador incontinente, às voltas com um burnout de todo o tamanho que o irá aproximar do lado negro da força: “Um feiticeiro é como um maratonista. Mas e se o que encontramos na linha de chegada for a pilha dos cadáveres dos nossos companheiros?”. A revolta está no ar.
Sem Comentários