De uma só assentada, como já vai sendo tradição, chegaram às livrarias nacionais dois volumes de Coelho vs. Macaco, a série escrita e desenhada por Jamie Smart – uma das nossas favoritas.
“O Texugo Maníaco” (Porto Editora, 2024) começa em modo de descongelamento, três meses depois de uma prisão acidental no Coconizador, mais uma das grandes invenções da Doninha. Três meses que foram o suficiente para que o Texugo Maníaco, armado em Big Brother florestal, tivesse instalado uma Texugotopia, muito à custa de um saldo bancário que parece inesgotável.
Para os animais da floresta, a solução para terminar com esta ditadura Texuguesca terá de vir de um lugar improvável chamado Doninha. O problema é que esta está a viver uma depressão profunda, e todas as tentavivas de o Macaco instalar a Macacolândia continuam a dar para o torto. Mas há quem, mesmo neste cenário negro, continue na boa, como o Porco e o Esquilo, capazes de se dedicarem a cozinhados e outras actividades prazenteiras.
O regresso da doninha faz-se à boleia de uma frase que poderia ser cozida num azulejo – “A Luz brrrilha semprrre mais quando saímos das trrrevas” -, mas todas as propostas para derrotar o Texugo Maníaco – que vão de um ataque com uma árvore de Natal a fazer-lhe cócegas com peúgas – parecem pouco apropriadas. Um livro onde a expressão inventar direito por linhas tortas nunca fez tanto sentido.
“A Máquina do Caos” (Porto Editora, 2024) começa com a reconstrução da casa do coelho após os acontecimentos do anterior volume, mas todos parecem sentir já saudades do macaco, que se encontra em parte incerta. Saudades que cessam rapidamente, depois de mais uma série de parvoíces onde se vê brindado com um enorme elogio: “Seu animal sujo, horrível e sem consideração!”.
Com Steve Metal posto fora de combate pela Doninha, é tempo para dar as boas-vindas a Eva Metal – metal morto, metal posto, apetece dizer -, mas tudo muda de figura quando esta decide entrar numa onda de HAL – ver 2001 Odisseia no Espaço – e ser ela a imperatriz da floresta.
É mais um volume recheado de parvoíces, onde se descobre o macaco em modo múmia, um peixe leitor de jornais ou uma invenção capaz de aumentar a auto-estima do macaco: “Estão a aplaudir-me por fazer cocó”. Divertimento garantido.
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