No meu tempo é que era bom, costuma ouvir-se entre uma picada de nostalgia e o assomo da velhice – ou, se preferirem, da experiência. Greg, o conhecido herói do fruto amarelo, ganha consciência desta voracidade pelo passado através da sua mãe que, não satisfeita com esta era de modernidade tecnológica, lançou uma petição para que as pessoas desliguem os telemóveis e outros aparelhos tecnológicos durante pelo menos 48 horas, e até arranjou um slogan para a ocasião: vamos desligar para nos religarmos.
Para Greg, porém, não há volta a dar às benesses da modernidade. Afinal, “ …o ser humano evoluiu e agora precisamos de escovas de dentes electrónicos e centros comerciais e gelados cremosos para sobrevivermos.”
Nesta décima aventura de O Diário de um Banana, nostalgicamente intitulada “Dantes é que era” (Booksmile, 2015), a vida não está fácil para Greg. Como se não bastasse o facto de o porco que a família adoptou como animal de estimação comer à mesa, andar de calças, caminhar sobre apenas duas patas e ter o seu quarto individual – e cama com lençóis -, o avô deixa o lar para se juntar à família, o que faz com que Greg tenha de partilhar o quarto do seu irmão terrorista, “que não veste nada da cintura para baixo depois do jantar.”
O pior para Greg, porém, chega através do seu lado paterno. Pressionado pela presença do avô, o pai de Greg começa a implicar com todos os gestos do filho, que acusará a perseguição fazendo um monte de disparates. Um monte tão bem composto que a única solução, para evitar o contacto directo com o pai, será sair da cidade para uma semana de férias na Quinta dos Grande Desafios, uma espécie de caserna para miúdos aprenderem a dureza da vida e onde não entram aparelhos electrónicos ou comida não saudável.
A juntar a tudo isto há ainda a lenda dispersa do Adão Aranhão, carregada de sussurros épicos: que era um agricultor zombie que não podia ser morto; que tinha uma rede de túneis debaixo das camaratas; que andava na floresta em busca de sangue fresco. Conseguirá Greg sobreviver à vida precoce de recruta zero?
Com muito humor e algum nonsense, Jeff Kinney oferece uma história sobre os medos de infância e a forma como os conseguimos vencer ou contornar, bem como daquilo que vai passando de geração em geração como um cimento inquebrável (e muitas vezes inesperado).
Jeff Kinney estará em Lisboa a 20 e 21 deste mês, com o lançamento do livro a decorrer no dia 21, às 15h00, no Centro Comercial Colombo – zona infantil, 1 piso.
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