Curtas da Estante é uma rubrica de divulgação do Deus Me Livro.
Sobre o livro
No Alentejo existiram em tempos dezenas de tecelões que tinham como atividade principal, a par do trabalho agrícola, a produção de mantas para agasalho dos pastores e para roupa de cama. A tecelagem manual na região remonta ao século XIV. Os padrões estruturais e cromáticos usados nas mantas alentejanas têm origem nesta tradição ancestral.
O saber fazer a eles associado foi passando de geração em geração. Mas nos últimos 50 anos tem-se assistido a uma profunda transformação do meio rural que ameaça o perpetuar desta tradição. Contudo, há quem tenha gosto por este saber fazer. Quem se interesse por preservar os padrões tradicionais, recriando-os segundo uma visão contemporânea que faz uso de novos recursos e competências, e procura novas utilizações quotidianas para as mantas.
Este livro é, assim, um manual de instruções para tornar possível a recriação dos padrões tradicionais das mantas alentejanas num tear pequeno que cabe em qualquer casa.
Sobre as autoras
Alexandra Marques é engenheira florestal, doutorada em Economia e Planeamento Florestal, e coordena actualmente uma equipa de investigação multidisciplinar com projectos nessa área envolvendo os vários agentes do sector. Mantém fortes ligações ao mundo rural e à natureza e interessa-se pelas artes tradicionais e pelo desenvolvimento sustentável. Esse gosto pelo tradicional e o saber fazer, levou-a a aprender tecelagem manual e a procurar uma abordagem contemporânea para recriar os padrões tradicionais das mantas alentejanas.
Guida Fonseca desde muito cedo escolheu a área têxtil como caminho e ferramenta de trabalho. Frequentou o Curso Geral de Artes da Escola António Arroio e o atelier de tapeçaria da Mestra Gisella Santi; a seu convite, integrou o grupo 3.4.5, Associação de Tapeçaria Portuguesa Contemporânea. Cria e expõe internacionalmente obras de arte têxtil.
Mizette Nielsen é holandesa e vive em Portugal desde 1961. Após o 25 de Abril funda uma cooperativa têxtil e é enviada à Beira Baixa por David Mourão-Ferreira (secretário de Estado da Cultura), para avaliar a situação da indústria têxtil na região, que sofria o impacto da chegada dos teares eléctricos. Falou com tecelões e recuperou teares que estavam em risco de desaparecer. É assim que começa a sua paixão pela arte da lançadeira. Ouve falar de uma fábrica em Reguengos de Monsaraz em risco de fechar, a última a fazer mantas alentejanas, e decide comprá-la. Há cerca de dois anos vendeu a fábrica a três sócios portugueses interessados em manter a tradição viva. Continua a viver em Reguengos, mesmo ao lado da fábrica, e de lá quase consegue ouvir o som dos teares a funcionar.
Editora: Gradiva
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