Quando folheava as páginas deste magnifico álbum dei por mim a pensar nas mãos do pai que me afagaram na meninice. Recordei o dia que peguei, pela primeira vez, nas mãos dos meus filhos. Pensei nas mãos que dão colo e embalam. Nas mãos que alimentam e que nos ensinam as rotinas dos dias. Nas mãos que brincam e apontam o caminho, que repreendem, mas que amparam e aquecem o coração. Nas mãos grandes, companheiras e calorosas, zelosas, preocupadas e que nos ensinam a ser.
“As Mãos do Meu Pai” (Orfeu Negro, 2023) é um álbum sensível e emotivo, ímpar, uma ode ao amor paternal, à grandiosidade do acto de cuidar e do querer bem, um verdadeiro elogio a todas as mãos que cuidam de nós.
A narrativa visual estabelece um paralelo entre o nascimento e a velhice, e de como as mãos são significativas na nossa vida. As ilustrações dão enfase à magnificência das mãos, expressivas, meigas e enrugadas pela vida. As guardas, iniciais e finais, marcam o ritmo da vida, sempre atento e terno, com um pequeno detalhe. Um álbum feito de detalhes, começando pelo invólucro do livro, pelas mãos que abraçam o livro e a vida – as nossas vidas.
No final do livro, Deok Kyu Choi revela que esta era uma história “que há muito tempo trago guardada no coração. Quando fui pai e agarrei a mãozinha do meu filho, senti um orgulho enorme, como se segurasse o mundo inteiro. O meu pai deve ter sentido o mesmo. Agora queria dar-lhe a mão mais uma vez”.
Deok Kyu Choi é um premiado autor coreano de álbuns ilustrados e banda desenhada. Estudou pintura ocidental na Universidade Nacional de Seul e é hoje director de produção na editora Yun Edition. Este álbum, vencedor do prémio Bologna Ragazzi 2022 na categoria Menção Especial Não-Ficção, é inspirado na relação do autor com o seu pai, e convida-nos a reflectir sobre as nossas famílias, sobre parentalidade equitativa e intergeracionalidade.
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