Todos os dias, nas escolas e em outros locais, acontecem coisas boas e coisas más. Elogiar não é habitual. Os grandes alaridos acontecem, usualmente, com coisas más. Porque será?
“No dia em que se descobriu uma coisa má escrita na parede da casa de banho, todas as raparigas da turma do professor Gil foram chamadas ao gabinete da diretora“. A alegria nos corredores da escola e a paz dissiparam-se. Lentamente. A directora da escola chamou as alunas e questionou-as, de forma séria e triste, sobre o que estava escrito nas paredes. A coisa má trouxe desconfiança, amargura, angústia, crueldade e um incómodo tão grande que paralisou a vida, dos alunos, dentro e fora da escola.
Um dia, a directora reuniu toda a comunidade escolar e afirmou que “ali não havia lugar para aquelas coisas más”, que todos tínhamos um bom coração e que era imperativo mudar. A partir desse dia toda a escola se envolveu num grande projecto – um projecto de arte. União, cooperação, colaboração e partilha foram as palavras de ordem. A alegria e a confiança retornaram às vidas dos alunos e da escola. Pintura, poesia, bondade e beleza abraçaram-se. Afinal, o que originou a mudança? Terá a arte um poder transformador? Porquê?
“Uma Coisa Boa” (Fábula, 2023) é um livro para dialogar e reflectir sobre as palavras de ódio e sobre os gestos de generosidade que nos diferenciam, tornando-nos verdadeiramente humanos, mas também sobre a escola enquanto espaço de diálogo e escuta, de (re)construção de relações empáticas, de compromissos e responsabilidade. Um livro belíssimo.
A ilustração, em plena harmonia com o texto, em página dupla, dá enfase às expressões. A paleta de cores oscila entre o negro e o amarelo cintilante, acompanhando as vivências. As pinceladas verdes e vermelhas dão força à luta por dias mais esperançosos.
No final do livro há uma breve nota da autora, esclarecendo que este livro foi inspirado em acontecimentos reais que se passaram na escola dos filhos, os quais testemunhou enquanto mãe e voluntária em sala de aula. Sugere e disponibiliza ligações para alguns projectos sobre a temática.
Marcy Campbell começou a escrever na escola primária e nunca mais parou. Durante a infância, o seu livro preferido era “O Jardim Secreto”, de Frances Hodgson Burnet. É autora de vários livros para crianças, incluindo “O André Semeão Não Tem Um Cavalo”, publicado pela editora Fábula. Adora bibliotecas e animais. Vive no Ohio com o marido, os filhos, um cão e três gatos.
Corinna Luyken é uma autora e ilustradora norte-americana, cujo talento é reconhecido internacionalmente pela crítica e pelos prémios que tem recebido. Cresceu em diferentes cidades ao longo da Costa Oeste dos Estados Unidos e, depois de estudar dança, escrita criativa e gravura no Middlebury College, estabeleceu-se em Washington, onde vive. Publicou vários livros seus: “O Livro dos Erros”, “O André Semeão Não Tem um Cavalo”, “O Meu Coração”, “A Árvore em Mim” e “Uma Coisa Boa”, todos na editora Fábula.
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