Quem diria que a Batalha de Equipas, parte do Evento Social da Escola-Irmã de Quioto, se tornaria numa espécie de Baile de Finalistas que deu para o torto, como se estivéssemos num loop interminável daquela cena do filme de Brian De Palma em que um balde de sangue é entornado sobre a cabeça de Carrie, criando um antecipado e direccionado fim do mundo?
“Brilho Obscuro” (Devir, 2023), o 6º volume de Jujutsu Kaisen – série mangá escrita e desenhada por Gege Akutami -, começa por nos oferecer uma conversa com muita filosofia e alguma ética pelo caminho, entre Noritoshi, o próximo patriarca do clã Kamo, preso ao passado, lidando com traumas desde tenra idade e que chega com a lição bem estudada: matar Itadori Yuji; e Fushiguro Megumi, que recusa ser igual ao seu primogénito e à sua agenda imposta: “Apenas sigo a minha própria consciência”.
Na sala de controlo, bem ao estilo de um Squid Game, os professores interrogam-se, depois de um apagamento geral, se o jogo terá terminado: “Todos ficaram vermelhos!”. O cenário real é porém bem diferente, com um mauzão com todo o ar de um Zorro em ácidos que vai repetindo um mantra que parece ter sido sacado ao manual de um qualquer culto: “Nascido da escuridão, és mais negro do que ela própria. Purificai toda esta impureza”.
Enquanto prossegue a batalha entre as escolas, a chegada inesperada de adversários externos adensa-se com a descida de uma cortina negra, que tem como vista impedir a saída de Gojo Satoru – e que tem o dedo de um Jujoshi poderoso. Entre os adversários está Hanami, uma das maldições que, no que toca aos humanos, considera que “apenas a morte lhes trará sabedoria”
O ponto alto deste volume é, porém, o combate entre um feiticeiro que usa o Jujutsu para propósitos maliciosos e um velhote que tem como arma uma guitarra eléctrica. Os diálogos, ao estilo de um bate-boca pré-combate, são um festim, entre arremessos verbais como “toma mais cálcio, velhote”.
Em grande estão também Inumaki Senpai, o tipo que só fala comidês, levado até ao limite; o mentor Todo, que entre dois pares de estaladas dá a Itadori uma lição importante sobre a Ira; e Itadori, que tenta dominar a técnica do Brilho Obscuro. Mas nem tudo é bem o que parece neste volume com armas amaldiçoadas suficientes para criar um pequeno exército, como será desvendado no imperdível volume 7 – de que falaremos mais à frente.
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