Quando sentimos falta de algo, quando queremos compreender o mundo e tudo o que nos rodeia, perguntamos. Nem todas as pessoas compreendem o valor de uma pergunta, a sua relevância no acto de pensar e no exercício do pensamento crítico. Sabemos que há no mundo pessoas que não gostam de fazer perguntas, apesar do jogo das perguntas ser o mais antigo do mundo, e que as respostas nem sempre são o mais importante, porque muitas vezes é a partir delas que nascem muitas outras perguntas.
Sem perguntas a nossa vida seria completamente diferente. Talvez não existisse curiosidade, e a nossa criatividade e imaginação seriam limitadas. Talvez não existisse o espanto. Talvez o conhecimento não estivesse tão aprofundado e ampliado. Talvez tudo fosse diferente.
O território das perguntas é gigantesco e simultaneamente fabuloso. Nele habitam perguntas diferentes, não só no que se refere ao conteúdo mas, também, aos diferentes tipos de perguntas. Há perguntas abertas e fechadas, textuais ou intelectuais ou científicas, mais substantivas ou mais relacionadas com o processo. Talvez a tipologia não seja relevante. O importante é perguntar. As perguntas abertas são muitas vezes as que começam por «Porquê?», «E se?», «Como?» – estas não podem ser respondidas com factos simples, provocam o diálogo e estimulam o pensamento divergente. As perguntas fechadas, tipo «sim» e «não», também têm o seu valor, talvez mais próximas do real, do imediato e do pragmático, da operacionalidade.
“Vinte Perguntas” (Orfeu Negro, 2023) é um livro desafiador, provocador, que incita ao diálogo. Trata-se de um jogo que pretende ampliar a nossa curiosidade, e o desejo de encontrar razões para determinadas situações. As vinte perguntas, divertidas, inteligentes e muito curiosas, são acompanhadas com magnificas ilustrações, que também poderão e deverão ser exploradas, e que funcionam como trampolins para novas interrogações. Será que neste livro só existem vinte perguntas? De certeza que muitas outras irão surgir. Experimentem observar atentamente cada uma das ilustrações, pensar em novas perguntas e, depois elaborar uma lista de inquietações que vão surgindo ao longo desta leitura-jogo.
“Porque está o elefante tão chateado? O que esconde o rapaz atrás das costas? Onde será que os bandidos esconderam o tesouro? Como foi a vaca ali parar? Onde será que os bandidos enterraram o tesouro? E o que farias se o encontrasses? Qual dos cantores tem melhor voz? Quem estará atrás da porta?”
Aqui não há respostas certas ou erradas: há possibilidades, curiosidade, imaginação e desafios. Neste jogo, poderemos sempre mudar ou reformular a pergunta, lembrando-nos que uma delas poderá habitar, em nós, durante muito tempo. As guardas, iniciais e finais, exibem um conjunto de objectos que também poderão entrar no jogo.
Mac Barnett vive na Califórnia e é um conhecido autor norte-americano de livros para crianças. As suas colaborações com Jon Klassen receberam já duas medalhas Caldecott.
Christian Robinson dedica-se à ilustração e ao cinema de animação. Recebeu, em 2016, a Menção Honrosa da Medalha Caldecott, com o livro “Last Stop on Market Street”. Tem ilustrado diversos livros para crianças e recebido vários prémios. Colaborou com o programa Rua Sésamo e com os estúdios de animação Pixar, como realizador de animação.
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