Porque isto das séries, sagas, trilogias ou pentalogias não acontece apenas com os livros para jovens e velhos adultos, Benji Davies continua a levar-nos para mar alto. Depois de “A Baleia”, “O Regresso da Baleia” e “O Pássaro da Avó”, a série A Baleia prossegue com “A Grande Baleia” (Orfeu Negro, 2023), onde o pequeno Noé se reencontra com a avó na aproximação da época de tempestades.
Ao fim de duas páginas, podem dar o vosso dinheiro por bem empregue no que à ilustração diz respeito: o gato preto adormecido no banco do tractor, o gato laranja empoleirado no telhado, um outro a espreitar pela portinhola, o fumo a subir lentamente pela chaminé, uma avó feliz com o desembarque. É mais uma masterclass de Benji Davies, que transforma cada página num quadro de museu, repleto de detalhes e pormenores para serem devidamente apreciados depois de várias leituras.
Numa noite em que “o vento uivava e o Noé não conseguia dormir”, a avó decide contar-lhe uma história sobre uma menina que, tal como Noé, havia um dia encontrado uma baleia, com ela vivendo uma amizade improvável. Até que, num certo Verão, a baleia deixou de aparecer.
Mais para a frente da linha temporal, uma tempestade obriga a pequena e a sua família a deixar tudo para trás, instalando-se numa nova ilha para um recomeço. Certo dia, pedaços da antiga casa começam a dar à costa, assim como objectos sentimentais que tinham ficado perdidos a muitas milhas náuticas de distância. O que estará por detrás de tamanho mistério?
Benji Davies escreveu mais uma história com muito sentimento pelo meio – é aconselhável, não vá o canal lacrimal tecê-las, ter por perto um maço de lenços. Um hino à amizade, à família e à memória, num pequeno álbum que tem tudo o que é importante lá dentro.
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