No seu primeiro romance com bolinha vermelha, Nina LaCour aborda as dores, mágoas, relações, traições, decisões e sentimentos de diversos jovens na casa dos 20 anos. “Yerba Buena” (Topseller, 2023) acompanha, ao detalhe, o duro crescimento e relacionamento de duas jovens e a sua descoberta do corpo, do amor e do desamor.
A imperfeição e o caos pautam esta obra, que não nos permite respirar fundo e parar, não tendo capítulos ou divisões. “Yerba Buena” teima em chocar-nos a cada frase, apresentando-nos capítulos com actos mundanos e a comum rebeldia dos jovens, intercalada com cenas de teor violento – a nível físico, psicológico e sexual.
Uma relação exige habitualmente o cruzamento de dois mundos distintos, que se encontram num meio e procuram equilibrar a balança. Neste caso, as duas jovens começam por se entrelaçar num silêncio tocante e íntimo, enquanto silenciosamente lutam com o seu caos interior.
Aos 16 anos e num acto de desespero após a morte da sua namorada, Sara abandona a sua cidade natal e troca-a por Los Angeles fugindo, desta forma, das suas memórias e da sua infância difícil, órfã de mãe e com um pai traficante. Emilie nasceu e cresceu na cidade do cinema, enfrenta a dor da perda de uma irmã e procura encontrar o seu lugar no mundo e algo que a faça feliz. As duas conhecem-se num restaurante e envolvem-se física e intelectualmente numa relação com muitos altos e baixos, muitos começos e recomeços.
Este romance é um papel em branco, que aos poucos ganha vida com a contribuição de todos os seus protagonistas. O seu título, “Yerba Buena”, remete para uma erva californiana com significado para Sara e Emilie, representa a emancipação sexual de uma e um refúgio de outra numa horta escolar.
Os soluços, o choro e o desespero das jovens desta obra são audíveis, tal como a sua química. Ao longo das primeiras 100 páginas nada é “bueno” nas suas vidas, e tememos que o seu fado seja mesmo esse. Todavia, ao escolherem amar-se encontram uma luz ao fundo do túnel, fecham os seus traumas num cofre a sete chaves e começam a descobrir, finalmente, as suas verdadeiras identidades.
Pelo seu teor, esta novela de LaCour não se destina aos leitores mais sensíveis. Apesar da sua capa atractiva e bem colorida, este romance retrata traumas familiares, pessoas e problemas muito cinzentos.
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