É costume dizer-se que, por trás de um grande homem, há sempre uma mulher que, no anonimato das sombras, o ajuda a tornar-se melhor. Algo que, para Álvaro Magalhães, é também válido para o jogador de futebol. A pergunta que o autor colocou a si próprio foi a seguinte: será que para além do dom, do trabalho e da paixão é necessária mais alguma coisa para o tornar o melhor do mundo? A resposta é dada afirmativamente e com apenas três letras: mãe.
Em “Menino da Mamã” (Verso da História, 2015), Álvaro Magalhães apresenta um diário ficcionado da mãe do melhor jogador do mundo: Cristiano Ronaldo. Mãe que, para fazer jus ao espírito competitivo do filho, se assume também como a melhor mãe do mundo, disputando palmo a palmo a fralda de ouro entregue à mãe mais dedicada.
Com ilustrações de Carlos J. Campos, “Menino da Mamã” faz o papel de uma Caras ilustrada, lançando alguma luz – ainda que obviamente ficcionada – sobre os seus rivais, as namoradas – o mais complicado dos dossiês – e outros segredos até agora bem guardados, como a história preferida do abelhinha – nome com que Dolores Aveiro trata o seu rebento – quando era mais novo – a do Eusébio contra a Coreia do Norte em 1966 –, o facto de as mães terem também o seu clube secreto ou de ter sido a mãe de Ronaldo a inventar o célebre tiki-taka que se tornou o ADN do Barcelona.
Messi tem, claro, um largo espaço neste livro, ele que como um guarda-sol costuma fazer muita sombra – e provocar pesadelos – a Ronaldo. Até se avança com uma divertida hipótese para o facto de o argentino vomitar durante alguns jogos. Entra também em cena a mãe de Messi, a grande rival da senhora Dolores, que a quer transformar naquela personagem do Astérix que acaba sempre amarrada sem ter direito a festa ou bolo.
Ronaldo está longe de ser apresentado como um jogador imaculado, não escapando a ser caricaturado como um tipo que tem espelhos no tecto do quarto para se ver de todos os ângulos, que colecciona carros como alguns coleccionam selos e que não foge ao estereótipo de que o jogador de futebol não é, propriamente, muito virado para o pensamento lógico. Seja como for, após terminada esta divertida leitura, Cristiano Ronaldo continuará a ser o que é hoje: o melhor jogador do mundo ( e a ter uma mãe muito dedicada).
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