É mais um capítulo da longa e sumarenta trajectória de António Mota, um dos nomes de referência da literatura infantil em Portugal. “O Caracol e os Trevos” (Asa, 2023) tem como protagonista um caracol que apenas consegue andar, mesmo segundo os padrões de decência do código da estrada da Caracolândia, de-va-ga-ri-nho, e nem os próprios irmãos têm paciência para esperar por ele.
Após passar sete dias e sete noites sozinho, perdido em pensamentos sobre se conseguirá um dia fazer amigos, decide não mais sair da sua concha protectora. É então que entra em cena uma “formiga pequenina, azul e amarela”, acompanhada de “seis formiguinhas vermelhas e pretas”, que vão desempenhando o papel de um eco vigoroso, na tentativa de animar este destroçado caracol. A formiga, com veia de contadora, fala ao caracol da lenda dos trevos-de-sete-folhas: se o desanimado caracol conseguir encontrar e comer sete destes, irá transformar-se num “belo e grandioso caracol”, capaz de meter uma mudança extra.
Numa reduzida paleta de cores, Ricardo Ladeira leva-nos a passear, qual guia florestal encartado, por uma natureza cheia de artifícios, nesta história sobre o crescimento, a auto-descoberta e o alimentar da curiosidade, que deve ser regada na infância – e mantida húmida para não secar.
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