Curtas da Estante é uma rubrica de divulgação do Deus Me Livro.
Sobre o livro
«Em compensação, Mike Bongiorno demonstra uma admiração sincera e primitiva pelos que sabem. Quanto a estes, o que realça neles é, porém, as qualidades de aplicação manual, a memória, a metodologia mais óbvia e elementar: uma pessoa torna-se culta lendo muitos livros e fixando o que eles dizem. Não o aflora, nem minimamente, a suspeita de qualquer função crítica e criativa da cultura. Tem dela um critério meramente quantitativo. Deste modo (acontecendo que é preciso, para se ser culto, terem-se lido durante muitos anos muitos livros), é natural que o homem não predestinado renuncie a todas as tentativas culturais. Mike Bongiorno professa um apreço e uma confiança ilimitados em relação ao especialista; um professor é um sábio; representa a cultura autorizada. É o técnico do ramo. É a ele que deve mos perguntar as coisas, dada a sua competência. A admiração pela cultura, todavia, torna-se ainda maior quando, na base dela, se pode ganhar dinheiro. Então é que se descobre que a cultura serve para alguma coisa. O homem medíocre recusa-se a aprender, mas propõe-se mandar estudar o filho.»
Sobre o autor
Escritor e homem de letras italiano, Umberto Eco nasceu a 5 de Janeiro de 1932 em Alessandria (Piemonte) e morreu a 19 de Fevereiro de 2016. Pouco se sabe sobre as suas origens e a sua infância, salvo que revelou extrema precocidade ao doutorar-se pela Universidade de Turim com apenas vinte e dois anos de idade, em 1954, apresentando para o efeito uma tese consagrada ao pensamento filosófico de São Tomás de Aquino “O Problema Estético em S. Tomás de Aquino”.
Entre 1954 e 1959 desempenhou as funções de editor cultural na famosa cadeia de televisão estatal italiana RAI, leccionando também nessa altura nas universidades de Turim, Milão e Florença e no Instituto Politécnico de Milão. Com apenas trinta e nove anos de idade foi nomeado professor catedrático de Semiótica pela Universidade de Bolonha, a mais conceituada do seu país.
Começou a escrever nos finais da década de 50, contribuindo para diversas publicações periódicas com uma série de artigos que seriam reunidos em volumes como “Diario Minimo” (1963, Diário Mínimo), “Il Costume di Casa” (1973), “Dalla Periferia Dell’Impero” (1977) e “Il Secondo Diario Minimo” (1992). O seu início de atividade ficou também marcado por obras como “Opera Aperta” (1962) e “Apocalittici E Integrati” (1964, Apocalípticos e Integrados).
Mantendo uma carreira editorial bastante completa e activa, Eco não deixou de publicar estudos académicos sobre Estética, Semiótica e Filosofia, dos quais se podem destacar “La Definizione Dell’Arte” (1968), “Le Forme Del Contenuto” (1971), “Trattato Di Semiotica Generale” (1976), “Come Si Fa Una Tesi Di Laurea” (Como Fazer Uma Tese de Doutoramento, 1977) e “Arte E Bellezza Nell’Estetica Medievale” (1986), obra que lhe valeu vários e conceituados prémios literários. Em 1980 publicou o seu primeiro romance, “Il Nome Della Rosa” (O Nome da Rosa), obra que foi imediatamente considerada como um clássico da literatura mundial. Contando as andanças de um monge do século XIV que é chamado a uma abadia beneditina para solucionar um crime, Eco restabelecia a velha contenda entre o mundo material e o espiritual. A obra foi adaptada com sucesso para o cinema em 1986, pela mão do realizador Jean-Jacques Annaud.
Bastante popular, sobretudo nos meios mais eruditos foi o seu segundo romance, “Il Pendolo Di Foucault” (1988, O pêndulo de Foucault), em que Eco contrapunha o hermetismo e a cosmologia aos potenciais da informática e aos perigos do crime organizado.
O público acolheu com mais modéstia “L’Isola Del Giorno Prima” (1995, A Ilha do Dia Antes), romance em que Roberto della Griva, um aristocrata do século XVII, desperta numa embarcação à deriva no Pacífico Sul, e “Baudolino” (2000, Baudolino), obra também pertencente ao género do romance histórico.
Editora: Gradiva
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