Com a publicação dos nºs V e VI, chega ao final a black edition de Death Note, edições com o selo da Devir: impressas em capa preta, com algumas páginas a cores e num formato ligeiramente maior que o da edição original.
Com argumento de Tsugumi Ohba e desenhos de Takeshi Obata, Death Note é uma série composta por doze volumes – a que se acrescentou depois um décimo terceiro, uma espécie de guia da série – que, cruzando o mundo dos mortos com o dos vivos, gira à volta das ideias de livre-arbítrio, justiça e poder, num jogo do gato e do rato a fazer lembrar um romance policial.
Aqui chegados, a rede aperta-se em torno de Light, que se multiplica em estratagemas para tentar escapar ao cerco da lei e à investigação conduzida por Near, que consegue lançar a dúvida entre o círculo mais próximo de Light. O objectivo é levá-los a acreditar que Light, o novo L, é de facto Kira. Uma táctica que obriga Light a passar o seu Death Note a outro utilizador, levando este jogo de xadrez a um outro patamar.
Ainda assim, o mundo sonhado por Kira parece ser possível, sobretudo quando os Estados Unidos cedem, em directo e pela televisão, a Kira, o que implica também a dissolução da Kira Task Force – que, ao estilo de Tom Cruise e da sua equipa, passam a actuar fora das malhas legais. A certa altura, no meio deste turbilhão emocional e do desenho de uma nova ordem mundial na qual Kira passou a ser uma adoração pública, trava-se um debate filosófico sobre o bem e o mal, num retrato certeiro da história humana e dos seus totalitarismos:
“– Se o apanharmos, então Kira é mau. Se conseguir dominar o mundo, então Kira é bom.
– Ou seja, a razão estará sempre do lado dos vencedores. A bem ver, o mundo sempre foi assim.”
“Todas as peças estão no tabuleiro”, diz Near no lançamento do derradeiro nº VI, apontando para um grande finale ao estilo dos duelos do bom do Oeste: “Foi sempre algo impossível de ser medido segundo as leis deste mundo. Foi sempre um duelo, um conttra um, para provar quem é que está no topo”.
O novo mundo de Light nunca esteve tão próximo, mas as pressões vindas de Misa, a sua noiva alucinada, bem como de um novo acólito que aos poucos se começa a esticar, poderão revelar-se distracções fatais.
Uma batalha que parece pender claramente para o lado de Kira, mas que Near prepara num tabuleiro brincando com bonecos Playmobil (ou algo parecido), aos quais dá nomes revendo a matéria dada e planeando uma estratégia que troque as voltas a Kira – e, com isso, ao próprio leitor.
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