Longe vão os tempos em que, para um primeiro vislumbre do que era a banda desenhada ou os comics, os mais pequenos tinham de se contar, em edições normalmente impressas em papel manhoso e no português cantado na outra margem do oceano, com as fantasias dos super-heróis americanos, a turma da irascível Mônica ou as histórias de um grupo de patos ao qual o tempo parecia não fazer mossa.
Escritas e ilustradas por Artur Laperla – Artur Díaz Martínez no CC -, As Aventuras do Super Batata são uma forma deliciosa de aproximar os mais pequenos do universo dos comics e da BD. O grande formato da edição, algures entre um livro de BD e um álbum infantil, complementado com vinhetas de grande dimensão e o uso exuberante da cor, é meio caminho andado para a conversão, a que se juntam histórias com muito humor e um certeiro recurso à sonorização, expresso em palavras desenhadas como POUM, CRASH ou BLAM.
Com edição portuguesa da Planeta Júnior – uma chancela do Grupo Planeta dedicada aos mais jovens -, chegaram às livrarias os dois primeiros títulos desta série, que tão boa conta tem dado de si em Espanha ou nos Estados Unidos: “A Origem do Super Batata” e “Zort Terceiro, o Rei Estraterrestre”.
“A Origem do Super Batata” (Planeta, 2023) começa com uma visita mais ou menos guiada ao quarto de Super Max, um narcísico super-herói que, para além dos muitos posters de si próprio que tem colados nas paredes, parece ter também uma veia de bruxa, perguntando ao espelho se há algum super-herói melhor do que ele.
O grande inimigo de Super Max dá pelo nome de Doutor Malévolo que, apesar de sucessivas e valentes cargas de pancada sofridas às mãos deste louro que parece ser feito de borracha, não desiste. Será uma das invenções de Malévolo que irá transformar Super Max em Super Batata, mostrando que, nisto dos heroísmos, a beleza não escolhe tubérculos.
“Zort Terceiro, o Rei Estraterrestre” (Planeta, 2023) apresenta-nos ao Rei Lesma, um coleccionador de espécies de tudo o que é planeta, que tem como principal confidente e criado Robotin, um fiel seguidor. Apesar da extensa colecção, o Rei Lesma quer juntar-lhe um terráqueo e, partida do destino, irá dar de caras com o Super Batata, que apesar dos enormes poderes não conseguirá escapar à detenção.
Tentando não puxar muito pelo cérebro, um gesto que poderá transformá-lo numa batata frita, o Super Batata tentará incitar boa gente como “um buzólico do Planeta Buz” ou um “escorregadio e poeirento cotão cósmico” à revolta, assim como um robot que, sem dar por isso, entrará no modo espanhol atravessado na grande tela por Buzz Lightear. A forma exacta em como nos é transmitida a passagem temporal, em expressões como “E assim, 43 minutos de baba depois”, é um verdadeiro mimo. Assim como o são as duas primeiras histórias deste Super Batata, que deixam baba na boca.
Artur Díaz Martínez, mais conhecido como Artur Laperla, nasceu em Barcelona em 1975. Estudou Filosofia na Universidade de Barcelona e Ilustração ,a Escola de Arte e Design Serra i Abella. Trabalha como ilustrador, guionista e cartonista desde 1996, para editoras como Enciclopedia Catalana, Teide, Barcanova, Cruilla, SM, Edebé, Salvat ou Larousse, e editoras de banda desenhada como Planeta de Agostini, La Cúpula ou a canadense Pasquet.
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