“Ishtar… Uma cidade maldita, ruidosa, ensurdecedora, nefasta. Neste mundo coexistem homens e karats, demónios que podem tomar a forma humana para melhor dissimularem o seu verdadeiro rosto. Aqui, os demónios não têm lugar”, e são carinhosamente tratados por lycans, galobos ou biscravos.
Quem se chega à frente como guia turístico é Toru, para quem, a julgar pelas palavras algo funestas, não teve a melhor das sortes: “O fim da minha história começou muito antes deste dia. Começou com o grito daquela voz. A «sua» voz”.
“Stray Dog 1” (Asa, 2022), mangá escrito e desenhado por VanRah e lido à forma europeia (da esquerda para a direita), mergulha no clássico duelo entre o bem e o mal, o humano e o monstruoso, tudo com muita tencnologia – e humor – pelo meio. A arte de VanRah merece rasgados elogios, seja pelos desenhos de página inteira ou dupla, com algo de cinema mudo, seja pela forma como vai alternando entre o lado adulto e o infantil e mais abonecado – no melhor dos sentidos -, surgindo este último quando as discussões sobem de tom.
Neste primeiro volume somos apresentados ao senhor Aokideso, formado em Engenharia Genética e Artes Ocultas aos 24 anos, e também criador do Projecto Warlock, que permite subjugar certas criaturas mitológicas à vontade humana. Foi também ele o fundador do Birduma, multinacional pioneira em numerosas áreas – como a teologia e a práctica exorcista -, capaz de rivalizar com o Vaticano na luta anti-demónios.
Aokideso ver-se-à chantageado por Lawrence Morrians, um tipo que não está habituado a ser contrariado, e que usará a filha de Aokideso como moeda de troca para apertar ainda mais a trela a Toru, o Stray Dog de Lawrence, que este controla através de uma coleira ao pescoço feita com selos de prata e água benta, que impedem que o seu lado demoníaco cause mal aos humanos.
Será Aokideso a selar o destino de Toru, propondo-lhe um acordo futuro na iminência de uma existência com os dias contados, e que envolve a escolha de um novo dono capaz de refrear os seus ímpetos destrutivos. Mesmo que, o próprio Toru, duvide da sua capacidade de temperança: “Sem uma alma humana para pacificar o demónio em mim, não sei quanto tempo passará até me tornar responsável por um novo massacre”.
Para o final deste primeiro volume está guardada a entrada em cena da pequena Tsubaki Akokideso, bem como um inesquecível primeiro encontro com Toru. O quinto volume (já falámos por aqui sobre os volumes 2 e 3) está já em pré-lançamento, com o selo editorial da Asa.
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