No que diz respeito a cowboys na banda desenhada, Tex é uma das personagens mais antigas e icónicas, e a figura mais popular de entre os fumetti da editora Bonelli. Fumetti, para quem não sabe, é o nome pelo qual são conhecidas, na Itália, as histórias aos quadrinhos – em referência ao aspecto dos balões usados para exibir os diálogos que, muitas vezes, se parecem com fumaça saindo da boca das personagens.
A criação de Tex ocorreu no ano de 1948, pelas mãos de Gianluigi Bonelli e Aurelio Galleppini, mas apenas chegou a Portugal em 2006, quando o oitavo número da série Ouro d`Os Clássicos da Banda Desenhada se viu editado juntamente com o Correio da Manhã. Desde então, Tex conheceu diversas edições nacionais, através de editoras como a Polvo ou a Levoir.
Em 2014, um pouco à semelhança do que tem acontecido com outras séries icónicas, nascia Tex Romanzi a Fumetti, uma série em 12 volumes onde alguns dos maiores desenhadores da BD italiana e mundial foram convidados a desenhar Tex, em histórias criadas para ser ilustradas a cores e no formato dos álbuns de BD franco-belga. Uma série que chegou a Portugal com o selo da editora A Seita, que publicou em 2021 “A Chicotada” (A Seita, 2021), o 11º e penúltimo volume da série. Uma edição à francesa, servida em capa dura e com um número de pranchas inferior ao dos álbuns da série original – mas com mais desenhos e vinhetas em cada uma delas -. que inclui uma entrevista a Pasquale Ruju (o argumentista da BD Tempestade sobre Galveston na colecção Tex Romance Gráfico da Polvo), onde este diz ter-se sentido “um pouco como o realizador que se defronta com o grande ecrã”.
Estamos no México, um pouco a sul do Rio Grande, lugar onde Diego Portela carrega as suas muitas marcas e cicatrizes às mãos Don Alvarado, alguém que poderia ter o estatuto de “dono disto tudo”. Com uma fiel e mercenária legião de seguidores, Portela inicia agora o seu percurso de vingança, onde troca o fuzilamento de Alvarado por um duelo, no qual possa acertar onde mais dói e assistir à lenta agonia que serve de passadeira vermelha à morte.
Diego Portela está, segundo reza a história e a lenda, entre o homem é o mito. Diz-se que “foi aquela feiticeira velha, a ´Bruja`, que foi uma mãe para ele, que gravou aqueles símbolos mágicos” nos canos da sua arma, razão pela qual nunca falha o alvo, ganhando a aura de ser imortal.
Tex Willer, na companhia de Kit Karson, encontra-se no México no rastro de um grupo de traficantes, acabando por interceptar um carregamento de armas e prata pertencente a Don Alvarado, que segundo rezam as declarações de IRS não passa de um grande agricultor e latifundiário.
Centrando-se na velha máxima popular de que as aparências iludem, “A Chicotada” traz-nos, ao estilo cinéfilo, a obsessão pela vingança, o poder da crença e o triunfo das lendas, servido numa sempre desejada capa dura e num papel com boa gramagem. Mesmo não sendo assente num espírito cronológico, pede-se agora que A Seita possa publicar os restantes volumes da série.
Nascido em 1962, Pasquale Ruju juntou-se à equipa de autores de Dylan Dog em 1995, escrevendo um curto episódio. Dois anos depois estreou-se na série mensal com “Il richiamo della foresta”, história desenhada por Luigi Piccatto. Escreveu para Nathan Never, Martin Mystère e Tex, série onde se estreou em 2004. Em 2010 escreveu a aventura “La prova del fuoco”, desenhada por Ernesto García Seijas, e hoje em dia é um dos autores mais prolíficos de Tex. Em 2016 publicou, nas Edizioni E/O, o seu primeiro romance, intitulado “Un caso come gli altri”, finalista do Premio Scerbanenco (que distingue o melhor policial publicado em cada ano em Itália) em 2016. Em 2017 e 2018 escreveu, ainda para as Edizioni E/O, os romances “Nero di mare” e “Stagione di cenere”, ambos protagonizados pelo repórter Franco Zanna.
Mario Milano nasceu em Foggia no ano de 1968. Depois da licenciatura, alternou a sua actividade de cenógrafo com a de autor de banda desenhada. A sua estreia propriamente dita ocorreu em 1994, quando Milano começou a colaborar com a Sergio Bonelli Editore. Desenhou para Zona X e, a partir de 1999, para Nick Raider, a que se seguiram Magico Vento. Para além do mercado italiano, colabora também com o mercado francês, nomeadamente com trabalhos para La Compagnie des ténèbres, para a Glénat, e Tuna Mara, para a Humanoïdes Associés. Entrou na equipa de Tex desenhando “Il villaggio assediato”, uma aventura para a série mensal, e também “La pista dei Sioux” para um Color Tex. Paralelamente à sua actividade de desenhador, dedica-se à ilustração e à pintura com aerógrafo.
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