A minha mãe é “forte como um búfalo”, “tem braços de polvo”, é “hábil como castor”, “um autêntico papagaio”, que “ressona como um urso a hibernar”. Aos olhos dos filhos, todas as mães têm superpoderes, mas esta é um pouco diferente: consegue transformar-se em animais diversos.
A metamorfose serve para ilustrar os comportamentos e as atitudes de uma mãe, enquanto desempenha múltiplas tarefas ou quando, “depois de um dia estafante fica a refastelar-se na água” da sua banheira. Fazendo uso da enumeração, o filho vai dando a conhecer a sua mãe, uma heroína que também resmunga e ralha e que, como todas as mães, o abraça afectuosamente para o reconfortar.
“A Minha Mãe é um Bicho” (Orfeu Negro, 2022) é um álbum divertido, bem-humorado, um convite à imaginação. Na capa surge um ser híbrido, meio animal, meio humano, que suscita a curiosidade do leitor, enquanto as guardas – iniciais e finais – ampliam o padrão da blusa da mãe – a camisola de losangos surge como o fio condutor ao longo de toda a narrativa. As ilustrações, numa paleta de cores fortes, surgem em grandes dimensões e, no final e em página dupla, num tom de vermelho, reforçando a ideia de amor.
Vitor le Foll começou por desenhar os animais e as plantas do campo em que cresceu. Jeanne Sterkers gosta de misturar e experimentar diferentes materiais e elementos para compor as suas ilustrações. Ambos nasceram na Bretanha e estudaram arte e ilustração em Paris, onde se conheceram.
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