O amor assume diversas formas e mostra-se entre palavras ditas, gritadas, silenciadas e escritas. Na sua quarta obra literária, João Pinto Coelho revela-nos segredos seus e dá voz a um romance tocante, acerca de um jovem rapaz que se julga órfão de mãe e pai até aos seus 12 anos de vida. Triste é a temática, mas doce, leve e apaixonante é esta obra e as relações que retrata.
Este livro, que tem tanto de autobiográfico como de ficção, é uma carta do autor endereçada ao seu passado, uma viagem por caminhos atribulados entre os Estados Unidos e Londres, em busca de algo que jamais se recupera. Pessoal até ao tutano, assim o é “Mãe, Doce Mar” (Dom Quixote, 2022).
João Pinto Coelho apresenta-se a si mesmo, enquanto nos dá a conhecer o jovem Noah, o caricato padre Frank e a inconstante artista Patience. Os capítulos são da inteira responsabilidade destes três personagens, que se vão revezando e contando as suas versões da mesma história na primeira pessoa, acrescentando pelo meio memórias somente suas. Sentimos que o autor nos conta esta história enquanto nos embala, ou nos envolve e conduz numa valsa séria, mas feliz e resolvida.
No decorrer de “Mãe, Doce Mar” são-nos dadas pistas soltas, que só conseguimos compreender quando o fim da obra se aproxima. Escrito de forma arrebatadora, honesta e tocante, este livro ainda nos presenteia com breves curiosidades acerca de “Anna Karenina” e de locais históricos como o “Three Sisters”. Após 200 páginas, suspiramos fundo, compreendemos que casa são as boas pessoas que nos rodeiam e choramos por sermos só uma onda de um mar infinito, que tudo leva.
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