Já não se pode ser velha. Que o diga Miss Marple que, neste “Crime no Hotel Bertram” (Arte de Autor, 2022), vai coleccionado insultos: espantalho, idiota, insípida, velha toupeira, velha fuínha ou apenas… velha. Trata-se de mais um volume de uma colecção com o selo da Arte de Autor, aqui entregue a Dominique Ziegler e Olivier Dauger, que adapta um romance de Agatha Christie para o universo da banda desenhada e ao formato álbum tradicional.
Estamos no ano de 1967. Em St. Mary Mead, Miss Marple assiste à fuga de um grupo de assaltantes depois de um saque a um banco, jurando a pés juntos – e à polícia – que o Juiz Ludgrove, com as suas 70 primaveras, estava na viatura que fugiu com o dinheiro. Quando se dá por provado que o Juiz, afinal, estava pelas Bahamas há pelo menos um mês, todos começam a suspeitar que Miss Marple está a ficar pírulas. Talvez até mesmo a própria Miss Marple, que decide mudar de ares: “Preciso de vida, de leveza”.
O destino acaba por ser Londres, onde ficará hospedada no Hotel Bertram, um lugar que parece ter parado o tempo e que tem, entre os seus hóspedes e fãs, gente como os Beatles ou Jimi Hendrix. Ou, ainda, gente paga para fazer presenças, dando um ar mais genuíno a esta cápsula do tempo.
Ao contrário da tão desejada calma, Miss Marple ver-se-á metida em mais um dos seus mistérios, tentando desvendar o que está por trás de uma série de assaltos que parecem ter sempre a presença de figuras respeitáveis. Uma comédia de enganos feita de estranhos amores, sacrifícios tardios e segredos mal guardados, bem ao estilo desta velha senhora que ninguém consegue deitar abaixo. Mesmo com uma rajada de nomes feios.
Agatha Christie (1890-1976) conheceu o sucesso desde o seu primeiro romance de mistério, intitulado “O Misterioso Caso de Styles”. Aquela a quem os seus contemporâneos designaram, com pompa e exactidão, de “a duquesa da morte», escreveu sessenta e seis romances e uma centena de novelas, traduzidas numa centena de línguas e que venderam, até aos dias de hoje, mais de dois mil milhões de exemplares em todo o mundo. Desta colecção da Arte de Autor estão já publicados os títulos “Hercule Poirot, Crime no Expresso Oriente”, “Miss Marple, Um Cadáver na Biblioteca”, “Os Beresford, Mister Brown”, “Hercule Poirot, Morte no Nilo”, Hercule Poirot, O Misterioso Casso de Styles”, “Hercule Poirot, Os Crimes do ABC”, “No Início, Eram Dez…”, “Hercule Poirot, Encontro com a Morte” e “Hercule Poirot, Crime no Campo de Golfe”.
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