“Mas o que é o amor sem algum risco?”. Esta frase, dita entre o armanço filosófico e a sede de sangue, pertence a Tempest. Alguém que, por esta altura, anda com uma sede de sangue tal que parece ter atravessado três desertos sem ter visto sequer um pescoço ao qual se atirar.
“Bebida de Sangue” (G. Floy, 2022) é o quinto e último volume de Moonshine, a série assinada pela dupla Brian Azzarello (texto) e Eduardo Risso (arte e cores), que trouxe de volta a lei seca e elevou o whisky a martelo a património mundial.
Por esta altura, Lou, o homem que escapou à morte e viajou de Cleveland para Nova Iorque, quer corrigir o passado, libertando o pai de Tempest da prisão. Para isso, e de forma a manter o possível rigor, vai-se mantendo abstémio, não vá a transformação falar mais alto. Não faltam, porém, fantasmas no seu caminho, tal como o de Delia, que persiste na procura de uma improvável reconciliação: “Para quê estragar-lhe o ambiente e dizer-lhe que não me voltaria a ver com vida?”.
A guerra entre o chefe Joe e os Holt vai finalmente rebentar, e este último volume reserva ao leitor um final com perfume Chadleriano, à boleia de tiradas como esta: “O destino é isso: os nossos fantasmas a conduzirem-nos ao nosso fim”. Um Romeu & Julieta revirado do avesso e acompanhado com whisky a martelo. Do bom.
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