É, praticamente, uma sequela de “Il Passato di Tex”, livro de 1967 onde Gianluigi Bonelli arriscou uma incursão rara ao passado de Tex, isto para nos contar mais sobre os tempos em que Tex, ainda antes de ganhar juízo, teve o seu quinhão de fora-da-lei procurado e perseguido, com direito a cartazes com a sua cara e a devida recompensa estampadas.
Nesse livro de Bonelli, Tex deixava para trás o rancho de família para perseguir os ladrões de gado que haviam abatido o seu pai, uma aventura alimentada pela vingança que o levou a atravessar a fronteira com o México, ao lado do velho e leal Gunny Bill, que tem o estatuto e a missão de um segundo pai – mas que acaba por sucumbir e não regressar ao Texas. 50 anos depois de “Il Passato di Tex”, Mauro Boselli decidiu dar continuidade à aventura, num díptico constituído pelos volumes “O Vingador” e “Justiça em Corpus Christi”.
Em “O Vingador” (A Seita, 2022), álbum ilustrado por Stefano Andreucci, é um Tex jovem, aventureiro, inexperiente e furioso que coloca o Sr. Bronson, proprietário do Lazy M Ranch, em estado de alerta. A vantagem da bandidagem poderá ser ganha através de Sam Willer, o irmão de Tex, pouco solidário com o desejo de vingança do seu mano: “A sua estúpida vendeta não nos devolveu o nosso pai e ainda nos levou o Gunny!”. Um sentimento que levou a que, no regresso de Tex, este vendesse a sua parte das terras ao irmão, momentos antes de se pôr ao fresco.
Jim Callahan, um Ranger que era um dos grandes amigos do pai de Tex e Sam, está preocupado com Tex, acreditando que o rapaz ainda pode ser posto no caminho certo – isto se Bronson não lhe tratar primeiro da saúde. Bronson mantém, do outro lado da fronteira, negócios obscuros com o fora da lei Juan Cortina, que se juntou ao lado negro da força após ver terras suas serem-lhe retiradas por um novo governo. Cortina que, ao contrário das previsões de Tex, mostra ser um cavalheiro de primeira, com boa conversa e palavras sábias: “Espero que um dia possas seguir um caminho mais justo que o meu…! Depois de te vingares, claro…!”.
Novamente com argumento do editor de Tex, “Justiça em Corpus Christi” (A Seita, 2022) conta com desenhos de Corrado Mastantuono, um dos grandes nomes da série e também do fumetto italiano. Mesmo sem provas para mostrar, Tex acredita que foi Zeb Mason o homem que mandou matar o seu pai, movido pela estratégia de, aproveitando o pânico gerado pelos ladrões – por si enviados -, vai comprando todos os ranchos de Nueces a preço de saldo.
Um livro onde há tiroteios a convidar à pipoca, e no qual Tex pode ter a vida facilitada graças a um testemunho contra Mason arrancado à força de um rapto. Numa perseguição onde há um desnivelado 3×18 a favor dos maus, uma jogada de mestre vira o jogo a favor de Tex, que poderá deixar para trás a sua vida de pária.
Ambos os álbums têm guardados para o final alguns extras. “O Vingador” inclui uma entrevista a Stefano Andreucci, bem como alguns desenhos preliminares; “Justiça em Corpus Christi” apresenta um excerto do argumento, esboços, pormenores de desenhos e um texto para guardar de Mauro Boselli, onde nos fala sobre a juventude de Tex: “Três quartos de século depois, o mundo de Tex continua bem vivo e vital, ainda destinado a ser enriquecido por novas e apaixonantes aventuras, para alegria daqueles que anseiam em cavalgar com ele os lendários trilhos do Velho Oeste”. Os Alphaville matariam por este segredo da juventude.
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