“Nada pode correr mal!
Como seu plano traçado,
Um surfista prepara o material
Rumo à praia, num feriado.
E lá vai ele,
O surfista animado.”
O surfista partiu rumo à praia, acreditando que as ondas iriam fazer dele um surfista de sucesso e que o dia iria relaxado. O surfista, homem de bom coração, vai parando ao longo do caminho para dar boleia ao mergulhador apaixonado, ao herói cansado, à menina assustada, ao músico carregado e a tantos outros personagens que andam por aí a pedir boleia. O surfista não quer deixar ninguém apeado e, então, a situação começa a complicar-se. Será que irá conseguir chegar ao seu destino?
“Boleia” (Fábula, 2022) é um livro bem-humorado, imaginativo, alegre, divertido e inesperado. Uma narrativa simples, cumulativa, ideal para ser lida a pares ou em grupo, suscitando a repetição, a memorização, o ritmo e o contentamento de reiterar a sequência incólume de falhas.
Uma narrativa que começa logo na capa, com o polegar para cima, bem visível. Será que os jovens leitores conhecem este sinal? Os seus pais recordarão certamente algumas situações caricatas, de verdadeiros personagens que, na beira da estrada, evidenciavam o polegar em troca de uma boleia. Hoje, os tempos são outros. Raramente encontramos, na estrada, viajantes desejosos que um automóvel páre e os leve ao seu destino.
As guardas, iniciais e finais, repletas de objectos de variadas cores e tamanhos, poderão contar múltiplas histórias, estimulando a curiosidade. As ilustrações, de cores vivas e alegres, permitem ao leitor imaginar um verão quente, assim como conhecer detalhes das personagens da história: um crocodilo de óculos escuros? Uma menina assustada de capucho vermelho? O que será que o mergulhador tem na cabeça?
Ao longo das páginas, a estrada assinala a continuidade nos sucessivos imprevistos e, desta forma, possibilita ao leitor acompanhar a viagem. Um livro excelente, recomendado a quem gosta de rir e de boa disposição.
Guilherme Karsten é um autor brasileiro com livros publicados em todo o mundo e, agora (finalmente), em Portugal. Algumas das suas obras foram aclamadas pela crítica e receberam distinções internacionais, como o Prémio Jabuti na categoria de Ilustração.
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