Num ano em que a Orquestra Gulbenkian comemora seis décadas de existência, a Temporada Gulbenkian Música regressa em pleno com mais de 120 espetáculos entre Setembro e Junho.
Uma ampla oferta de concertos sinfónicos e encenados, ópera, recitais, cine-concertos e música de câmara, protagonizados por alguns dos maiores intérpretes da actualidade, muitos deles em estreia absoluta no palco do Grande Auditório. Seguem-se as devidas apresentações.
Ciclo de Piano e Festival Pianomania
Como habitualmente, o piano estará em grande destaque ao longo de toda a temporada. No âmbito do ciclo que lhe é dedicado, atuam nomes como Grigory Sokolov, Daniil Trifonov, Alexandra Dovgan, Víkingur Ólafsson, Leif Ove Andsnes e Alexandre Kantorow.
De regresso à temporada, o Festival Pianomania fará subir ao palco do Grande Auditório os pianistas Arcadi Volodos, Gabriela Montero, Denis Kozhukhin, Nelson Goerner e Andreï Korobeinikov.
Ciclo Grandes Intérpretes
No quadro deste ciclo, a pianista Maria João Pires tocará, com Ricardo Castro, o Concerto para dois Pianos e Orquestra de Mozart, acompanhados pela Orquestra Neojiba, um projeto brasileiro de desenvolvimento social pela música, fundado pelo próprio Ricardo Castro e inspirado no El Sistema da Venezuela. Já Mitsuko Uchida apresenta-se com a Mahler Chamber Orchestra para tocar (e dirigir) obras de Mozart e Schönberg e Evgeny Kissin interpreta, a solo, obras de J. S. Bach, Mozart, Debussy e Rachmaninov.
Este ciclo marca também o regresso do barítono sueco Peter Mattei e do pianista francês David Fray, para a interpretação do ciclo de canções Viagem de Inverno (Winterreise) de Franz Schubert.
Um tocante espetáculo concebido pelo maestro Raphaël Pichon, intitulado Mein Traum/Meu sonho, parte de um filme dedicado a Franz Schubert e a Robert Schumann para levar o público numa fascinante viagem musical, ao som do Ensemble Pygmalion e da voz do barítono Stéphane Degout.
A encerrar este ciclo, Joyce DiDonato apresenta o seu novo projeto Eden, em conjunto com a orquestra Il pomo d’oro, dirigida por Maxim Emelyanychev – para o qual selecionou obras do século XVII até aos nossos dias que evocam a ligação do homem com a natureza.
Ópera e Cinema
Um dos momentos altos será a apresentação, em versão de concerto, da ópera Einstein on the Beach de Philip Glass, narrada por Suzanne Vega, com cenografia da artista plástica alemã Germaine Kruip. O maestro Tom De Cock dirige o Ictus Ensemble e o Collegium Vocale Gent nesta produção que dará nova vida à célebre criação da dupla Philip Glass/Bob Wilson.
Destaca-se também a estreia de um espetáculo inspirado na peça de teatro de José Saramago Don Giovanni ou O dissoluto absolvido, em que, em vez da condenação final, o escritor sugere a redenção do incorrigível libertino. Nesta versão de palco, a música de Mozart e o texto de Saramago convergem numa encenação original de Jean Paul Bucchieri, com direção musical de Nuno Coelho.
Outro momento a reter será a apresentação da ópera de câmara Zelle, da britânica Jamie Man, interpretada pelo ensemble Asko|Schönberg, que cruza a fotografia de Masao Yamamoto, o cinema de David Lynch e o teatro nô.
Boas notícias para os fãs da saga Star Wars: a Orquestra Gulbenkian, dirigida por Ludwig Wicki, interpreta, ao vivo, a banda sonora que John Williams compôs para O Regresso de Jedi, último episódio da trilogia original.
Música Antiga
Noutro espetáculo singular, protagonizado pelo agrupamento vocal belga Graindelavoix, sob a direção de Björn Schmelzer, a pintura do artista flamengo Pieter Bruegel cruza-se com imagens do documentário neorrealista Il Culto delle Pietre, de Luigo Di Gianni, para recriar uma obra-prima do reportório coral: a Missa do Terramoto do compositor renascentista francês Antoine Brumel. Em maio o agrupamento regressa com um programa em torno da obra do compositor quinhentista Josquin des Prez.
Centenário Xenakis
O centenário do nascimento de Iannis Xenakis, a quem a Fundação Gulbenkian encomendou mais de uma dezena de obras ao longo da sua vida, será pretexto para uma série de concertos e para uma exposição realizada em coprodução com a Philharmonie de Paris – Cité de la Musique, o Centro de Arte Moderna e o Programa Gulbenkian Cultura. Um dos grandes momentos da comemoração será a reconstituição moderna de Polytope de Cluny, uma obra revolucionária do princípio dos anos 1970, ao cruzar música, artes visuais e arquitetura. Outras criações emblemáticas do compositor serão dadas a ouvir pelo Coro e Orquestra Gulbenkian, dirigidos por Pedro Amaral, e ainda num espetáculo idealizado pelo percussionista Tomás Moital.
Coro e Orquestra Gulbenkian
Neste ano de celebração, são muitos os maestros que se juntam ao Coro e à Orquestra Gulbenkian, com repertórios variados, da música antiga à contemporânea.
Lorenzo Viotti, com o clarinetista Andreas Ottensamer, propõe um programa com obras de Brahms, Mozart e Pēteris Vasks, que será depois apresentado em algumas das mais célebres salas de concertos europeias. Esta temporada, Viotti dirigirá também a 6.ª Sinfonia de Mahler e Andreas Ottensamer estreia-se a dirigir a Orquestra Gulbenkian num programa com obras de Glinka, Mendelssohn, Mozart e Stravinsky, em que atua também como solista.
Assinalando o centenário no nascimento de Madalena de Azeredo Perdigão, primeira diretora do Serviço de Música e fundadora do Serviço ACARTE, o público poderá assistir a uma das mais impressionantes criações de Olivier Messiaen, La Transfiguration de Notre Seigneur Jésus-Christ, uma encomenda da Fundação Gulbenkian estreada em 1969. O concerto será dirigido pelo maestro sul-coreano Myung-Whun Chung.
O maestro finlandês Hannu Lintu dirige a estreia em Portugal do Concerto para Piano de Thomas Adès, interpretado por Kirill Gerstein, num programa que inclui o ciclo de canções A Canção da Terra de Gustav Mahler, pelas vozes da soprano Elena Pankratova e do tenor Mihails Čulpajevs. Esta temporada, Hannu Lintu apresenta ainda um programa totalmente dedicado a Chostakovitch.
O Concerto de Ano Novo, vai marcar uma dupla estreia na Gulbenkian Música: a da ucraniana Oksana Lyniv, a primeira mulher a dirigir no Festival de Bayreuth, e de Kristine Opolais, uma das mais aclamadas sopranos da atualidade. O Concerto de Natal, dirigido pelo neerlandês Peter Dijkstra, dará a ouvir três de cantatas da Oratória de Natal de J. S. Bach e o Concerto de Páscoa apresentará a Paixão segundo São Mateus, também de Bach, dirigida pela eslovena Martina Batič.
Giancarlo Guerrero junta-se à violinista sul-coreana Bomsori Kim para apresentar o Concerto para Violino e Orquestra de Johannes Brahms e Lawrence Foster, antigo maestro titular da Orquestra Gulbenkian, regressa para dirigir a 9.ª Sinfonia de Beethoven.
Outras grandes obras do repertório sinfónico poder-se-ão ouvir nesta temporada, incluindo a 3.ª Sinfonia de Mahler, dirigida por Pablo Heras-Casado, com a contralto Wiebke Lehmkuhl, presença regular no Festival de Bayreuth, e a Missa Solemnis de Beethoven, sob a direção do maestro norte-americano John Nelson.
Valentina Peleggi, distinguida pela BBC Magazine em 2018, dirige a 4.ª Sinfonia de Tchaikovsky e o Concerto para Violino e Orquestra n.º 1 de Chostakovitch, com a violinista holandesa Simone Lamsma. Por seu lado, o maestro húngaro Gábor Káli dirige a 4.ª Sinfonia de Mahler e o Concerto Imperador de Beethoven, com o pianista Piotr Anderszewski.
O alemão Alexander Liebreich é o maestro que liderará a Orquestra Gulbenkian na Sinfonia Lírica de Zemlinsky e na nova versão do Concerto para Violoncelo de Unsuk Chin, esta obra com a participação do solista Alban Gerhardt. Risto Joost dirige pela primeira vez na Gulbenkian Música, apresentando duas grandes obras de Mozart, o Requiem e o Concerto para Piano n.º 20, com Raúl da Costa.
Um Requiem Alemão, de Johannes Brahms, será dirigido por Stanislav Kochanovsky e Pinchas Zukerman dirigirá a Sinfonia Concertante para Violino, Viola e Orquestra de Mozart, atuando também como solista, juntamente com o violinista Fumiaki Miura.
Além das várias participações nas grandes obras para coro e orquestra, o Coro Gulbenkian, sob a direção de Jorge Matta, vai protagonizar a estreia absoluta de uma obra do compositor britânico Eugene Birman, com dramaturgia de Giorgio Biancorosso, uma encomenda da Fundação Gulbenkian.
No Panteão Nacional, Jorge Matta dirige mais um concerto de Diálogos Improváveis, constituído por obras de estilos e linguagens musicais contrastantes, desde Diogo Dias Melgás a Arvo Pärt.
Canções Ibéricas
Um Ciclo de Canções Ibéricas permitirá ouvir um programa de canções portuguesas, pela voz de Ana Quintans, acompanhada por Filipe Raposo; será também interpretado repertório de canções catalãs (Àngel Òdena/Miquel Ortega), canções bascas (Miren Urbieta-Veja/Rubén Fernández Aguirre) e canções galegas (Borja Quiza/Fernando Briones).
Noruz – Festival do Médio Oriente
Entre 28 de março e 1 de abril, a Gulbenkian Música associa-se às celebrações do Noruz, o primeiro dia do ano para os povos do Médio Oriente, Ásia Central e Cáucaso e que assinala o Equinócio da Primavera. Será apresentada música do Médio Oriente, juntando intérpretes do Afeganistão, Cazaquistão, Iraque, Curdistão e Uzbequistão.
Met Opera em HD
Prosseguem as transmissões da Metropolitan Opera de Nova Iorque no Grande Auditório, que nesta temporada incluem as óperas: Medeia de Cherubini; La Traviata de G. Verdi; The Hours de Kevin Puts; Fedora de Umberto Giordano; Lohengrin de Richard Wagner; O Cavaleiro da Rosa de Richard Strauss; Falstaff de Giuseppe Verdi; Champion de Terence Blanchard, A Flauta Mágica e Don Giovanni de Mozart.
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