A Arte de Autor continua a publicar as aventuras de Duke, uma série de banda desenhada que decorre no universo do western, desenhada pelo belga Hermann e escrita pelo seu filho, Yves H., e que conta com edição internacional pela belga Le Lombard.
Hermann Huppen nasceu na Bélgica no ano de 1938. Após uma permanência de três anos no Canadá regressou a Bruxelas, cidade onde se casou. Em 1966 começou a ilustrar “Bernad Prince”, uma série escrita por Greg que foi publicada na revista “Tintin”. Após uma incursão na série “Jugurtha” 1967), da qual participou nos dois primeiros tomos, Hermann retomou a colaboração com Greg em “Comanche”, série que surgiu em finais de 1969. Ao longo da carreira recebeu várias distinções, como o Grande Prémio do Festival de Banda Desenhada de Angoulême em 2016. O 1.º álbum de “Duke” foi publicado em Portugal em Outubro de 2017.Em
Yves H. nasceu um ano depois do pai Hermann ter iniciado a sua carreira. O jovem Yves virou-se primeiro para o cinema, com um olhar atento às obras de Terry Gilliam, Woody Allen ou dos irmãos Coen, mas as exigências de Hollywood fizeram-no decidir-se pela banda desenhada. Em 1995 lançou-se com “Le Secret des hommes-chiens”, que realizou sozinho, embora Hermann tivesse assumido a responsabilidade pela cor. Um «apadrinhamento» que, ao longo dos anos, se transformou numa colaboração familiar. Considerando-se mais narrador do que desenhador, voltou-se exclusivamente para o argumento, tendo escrito principalmente para Hermann, com quem viajou da pirataria ao filme negro dos anos 30, passando pelo mito de Drácula.
Em “A Última Vez que Rezei” (Arte de Autor, 2020), Duke tenta descobrir o paradeiro de Clem, o seu irmão mais novo e inconsciente, antes que o implacável Mullins chegue primeiro à frente. Mullins que, já prevendo a entrada de Duke em jogo, tratou de raptar Peg, a eterna prometida de Duke, ainda que ambos teimem em seguir caminhos diferentes. A relação com o irmão é tudo menos fácil, mas Finch parece saber toda a cartilha familiar: “A minha mãe dizia que as querelas entre irmãos são como as tempestades de verão. Violentas, mas de curta duração”. Um livro onde o exército americano, com muita insubordinação pelo meio, dá um ar da sua graça, num livro onde Duke revive a morte dos pais e mostra o seu posicionamento perante a religião: “A que deus rezaria eu?”.
“Pistoleiro é o que Serás” (Arte de Autor, 2021) continua a acompanhar a travessia através do deserto do sudoeste americano de Duke e do seu acólito Swift, tudo para entregar os 100.000 dólares solicitados pelo consórcio mineiro Soakes & Sears. É neste tomo que vamos conhecer a história das origens de Duke, recuando até à sua entrada no Orfanato do Padre Theodore King – Duke que terá de cobrar favores antigos para prosseguir a jornada. Liderado pelo Sargento Blair, um esquadrão paralelo – e insubordinado – do exército americano decide que o dinheiro que Duke transporta será seu, como represália por tudo aquilo que os seus companheiros afro-americanos sofreram ao longo da história do país.
“Para lá da Pista” (Arte de Autor, 2022) continua a revisitar o passado de Duke e do irmão Clem, e aquele momento em que Duke soube ao que iria. Respondendo a Finch, Duke diz isto: “– Soube-o, e pronto. Soube-o sem dúvida sempre… e não é isso o mais penoso, mas sim ter aceitado”. Sob o calor implacável do deserto, vão-se dispondo as muitas peças do tabuleiro: o exército americano, totalmente em frangalhos; Manolito, “o anjo da guarda” de Duke, que observa atentamente nas sombras; ou Oakley Oakes, decidido a vingar a morte do filho. Uma longa jornada que, após estes três volumes, apenas serviu para adensar a expectativa sobre o que espera Duke no final da travessia: “É a partir de agora que tudo se vai jogar”.
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