Depois de “As Quatro Estações” e de “O Carnaval dos Animais”, a Kalandraka continua a dar-nos música com a aprumada Colecção Clássica. Desta vez viajamos até ao século XIX para conhecer “Quadros de uma exposição” (Kalandraka, 2015), a composição mais famosa de Modest Mussorgsky, o compositor russo que se afastou do sofisticado tecnicismo dos compositores alemães para ajudar a criar o chamado “Grupo dos Cinco” – ao qual pertenciam, também, os compositores Balakirev, Rimsky-Korsakov, Borodin e César Rui -, e aquilo que ficou para a história da música clássica como o Estilo Russo.
Ao mesmo tempo que vai lendo o texto de José Antonio Abad, o leitor é convidado a ouvir a música do CD – que vem juntamente com o livro – interpretada por Giuseppe Sinopoli, enquanto admira as ilustrações de Xosé Cobas e entra, de mansinho, no Museu de São Petersburgo, onde terá de fazer algo muito estranho: seguir os passos de um ganso muito curioso, que se deixa ficar para trás da família movido pelo fascínio da pintura, percorrendo assim “espaços amplos, cheios de sonoridade, grandes candeeiros, tapetes coloridos, e muitos quadros nas paredes”.
O ganso irá enfrentar muitos perigos enquanto tenta reencontrar a sua família, mas o maior deles todos será, sem dúvida alguma, a bruxa Baba Yaga, que anda “à procura de meninos perdidos”. Ou, neste caso, de gansos.
Para compor esta obra musical, Mussorgsky inspirou-se na exposição póstuma de dez pinturas feitas pelo seu amigo Rimsky-Korsakov – com quem deixou mesmo de falar a certa altura da sua vida -, tendo esta suíte sido dividida em dez números, correspondendo cada um deles a uma das pinturas.
O compositor pretendeu desenhar, com música, alguns dos quadros expostos, criando entre um quadro e outro o tema do “passeio” ou “promenade”. Mussorgsky acabou por morrer em 1881, na mais absoluta pobreza, quando havia acabado de completar 41 anos.
As belíssimas ilustrações são da autoria de Xosé Cobas, ilustrador, pintor e designer gráfico espanhol, elas próprias pequenas obras de arte que se devem olhar – e sentir – como pinturas ilustradas.
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