Tudo começa com o fazer a mala e partir. A viagem. O chegar e o (re)começar. As mudanças provocam, em nós, inquietude, incerteza e medo face ao desconhecido. No entanto, a vida obriga-nos a fazer escolhas, correr riscos e viver aventuras e desventuras, desbravar novos caminhos e abraçar novos desafios, mas também a nos adaptarmos a novos cenários e contextos.
Mudar implica sermos capazes de nos transformar, alterar, modificar, renovar, renascer, partilhar e recriar. “Mudar” (Pato Lógico Edições, 2021) é uma narrativa visual sobre a mudança de território, de vida, mas também de identidade e papéis sociais. Uma narrativa escrita a duas cores: amarelo e azul. Se, no início, o amarelo predomina, no final a mudança é visível, e o tom de azul prevalece dando conta ao leitor que a adaptação a uma nova realidade foi concretizada. As personagens habitam em elegantes silhuetas que se movem em diferentes espaços, em silêncio, mas simultaneamente comunicando e criando laços que se contagiam. O leitor irá demorar-se nos pormenores e minúcias das ilustrações de Ana Ventura. Um livro belíssimo.
“Mudar” integra a colecção Imagens Que Contam, que surgiu em 2013 como um espaço de liberdade criativa para artistas visuais, em que cada convidado é desafiado a imaginar uma narrativa contada exclusivamente através de imagens.
Ana Ventura nasceu em Lisboa, no ano de 1972. É licenciada em Pintura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. A sua linguagem criativa rapidamente se amplia e se concretiza de forma multifacetada: ilustradora e artista plástica, encontramos a sua marca nos mais diversos suportes, desde livros a serigrafias, dos postais à roupa e acessórios. Expõe individual e colectivamente em Portugal e no estrangeiro desde 1996, sendo o seu projecto mais internacional a assinatura personalizada dos ténis All Star, aquando do centenário da Converse, em 2008. Ilustrou livros para editoras em Itália, Noruega e Portugal. Vive e trabalha entre Lisboa e Antuérpia.
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