Nascido em Brooklyn no ano de 1928, Maurice Sendak (1928-2012) tem sido uma das mais recentes e recorrentes apostas da Kalandraka editora que, só este ano, publicou já quatro títulos do autor americano.
Desde 1951 que Sendak concebeu mais de 91 livros infantis, num percurso que teve, entre outros prémios e reconhecimentos, o Prémio Andersen e o Prémio Laura Ingalls Wilder, ambos em 1970, ou a atribuição de Medalha Nacional das Artes pelo Governo dos Estados Unidos em 2003. Sendak é considerado por muitos como um revolucionário do panorama literário infantil, muito pela forma como trouxe para o papel estranhas ideias, formas e conteúdos. Quem acompanhou a trilogia onírica “Onde vivem os monstros”, “Na cozinha da noite” e “O que está lá fora”, editada pela Kalandraka, terá tido uma prova impressa dessa centelha que abanou o status quo dos livros para crianças.
Agora, chega a vez de conhecermos o lado mais clássico e terno do ilustrador na recomendadíssima série Urso Pequeno, escrita por Else Holmelund Minarik e iniciada nos anos 1950, que se viria a tornar num fenómeno à escala mundial – não apenas pelas vendas mas também pela adaptação televisiva em 1995.
Else Holmelund Minarik nasceu na Dinamarca em 1920, emigrando quatro anos mais tarde com os seus pais para os Estados Unidos. Estudou Psicologia e Arte na Universidade de Nova Iorque, tendo trabalhado como jornalista e professora. Para além desta série, escreveu outros livros de Literatura Infantil e Juvenil, mas é pelo Urso Pequeno que será recordada (faleceu em 2012).
“Urso Pequeno” é o primeiro título de uma série de seis volumes que têm, como protagonista, uma família de ursos. Datado de 1957, o livro é composto por quatro diferentes contos, que no final se irão unir através do apelo à memória dos pequenos leitores, uma espécie de história circular. Problemas de vestuário, uma sopa transformada em bolo de aniversário, uma ida à lua e desejos impossíveis são os temas que o atravessam.
Em “Um Beijo Para Urso Pequeno”, publicado pela primeira vez em 1968 a apenas uma cor, há muito humor num beijo que viaja como numa prova de estafeta, enviado pela avó do Urso Pequeno através dos animais da floresta depois de este lhe ter oferecido um desenho muito engraçado. Um beijo em itinerância que nos revela uma história ternurenta onde o amor vai sendo servindo em camadas, até acabar como cobertura de um apetitoso bolo de… casamento. As histórias são muito simples, quase sempre contadas através de pequenos diálogos e frases e fórmulas que são um convite à repetição em voz alta.
Maurice Sendak ilustrou os cinco primeiros títulos desta série, alternando entre a utilização e o número de cores e recorrendo a um estilo que tem, como grande inspiração, as gravuras antigas. Em qualquer um deles, as figuras por si desenhadas estão dotadas de uma grande expressividade, apresentadas em cenários naturais cheios de detalhes, num mundo todo ele feito de ternura, amor e proximidade. Depois do frenesim onírico, sabe muito bem olhar Sendak do ponto de vista dos clássicos infantis. Para coleccionar do um ao seis.
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