E eis que, para grande tristeza de muitos leitores, chega ao fim a saga da família Melrose, que coloca um ponto final na história de juventude traumática e das muitas atribulações adultas de Patrick, provavelmente uma das mais bem construídas personagens da literatura.
Em “Por Fim” (Sextante, 2015), cumprindo os ideais de humor negro e de tragédia inevitável colados à personagem central da saga, tudo gira em redor do funeral da mãe de Patrick, que vem cortar o último elo físico a um passado cheio de nódoas negras.
Neste fim de saga, Edward St Aubyn dá voz não só a Patrick mas, também, a muitas outras personagens, desenterrando ainda mais verdades obscenas sobre David, o pai de Patrick, do qual acompanhámos uma história de máxima ascensão e vertiginosa queda, da qual resultou um legado ao mundo que não terá passado de puro mal e agonizante perversão.
“Por Fim” apresenta a inexpressividade como a característica da infância a Patrick, a cruz que carregou toda a vida sem dela se ter conseguido livrar. «No fim de contas já não era uma criança, apenas um homem experienciando o caos da infância que transbordava na sua mente consciente.»
E, se não é claro que Patrick consiga encontrar uma forma máxima de redenção, presume-se que tenha descoberto uma centelha de liberdade. O que, para uma personagem que parece ter sido arrancada ao lado negro da força, já não é coisa pouca. Um encerramento triunfal de uma imperdível saga literária.
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