«A Rainha Branca» (Planeta, 2015) é o primeiro livro da trilogia A Guerra dos Primos, da autora Philippa Gregory. Aqui é retratada a vida de uma das mais belas e polémicas rainhas de Inglaterra, Isabel Woodville, uma plebeia viúva que conquistou e casou com Eduardo IV e que, com a sua ambição e determinação, mostrou estar à altura das exigências da sua nova posição social.
Isabel é uma mulher forte, determinada e manipuladora na sua luta pelo trono e, posteriormente, para que este esteja assegurado para os seus filhos. Apesar de, nesta época, as relações entre as pessoas serem quase desprovidas de sentimentos – antes movidas pelos interesses -, Isabel demostra sentir amor e devoção, não só por Eduardo como também pelos seus filhos – sobretudo a sua filha mais velha – e pela mãe. Tudo isto num meio em que os laços de sangue não são garantia de lealdade, mas sim de intrigas, traições, conspirações, ambição desmedida pelo poder e guerras.
Há uma componente mágica no livro: Isabel é descendente de Melusina, a deusa da água, metade mulher, metade peixe. A autora sugere que próprio romance entre Isabel e Eduardo terá tido o contributo de actos de feitiçaria para que fosse tão abençoado. E sugere, ainda, que Isabel terá lançado pragas contra os seus inimigos.
A maior dificuldade na leitura reside no facto de existirem muitas personagens, várias com o mesmo nome e que são parentes, o que torna, por vezes, a leitura algo baralhada e a necessidade de voltar um pouco atrás para se ter a certeza de quem exactamente está a falar a autora.
Contudo, ao longo do livro, é impossível não notar a profunda investigação que Philippa Gregory levou a cabo para construir a narrativa o mais precisa possível. Como a própria autora afirma numa nota final, existem muitos lapsos nos registos da época que teve que preencher com a imaginação e a dedução, ou optando entre várias teorias. Além disso, as personagens cativam o leitor, que quase consegue “vê-las” na sua frente, dado o detalhe e realismo na sua caracterização.
Devido a tantos pormenores e descrições, «A Rainha Branca» é um livro de leitura empolgante mas não arrebatadora, com o qual se aprende História na sua vertente mais política e bélica e que, por esse motivo, poderá ser um tanto maçador para quem procura uma narrativa mais romântica com um final feliz. A escrita da autora é, porém, muito envolvente, com diálogos muito interessantes e mulheres de personalidade forte. Razão mais do que suficiente para aguardar com expectativa elevada o lançamento do próximo volume.
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