Foi o terceiro volume a ser lançado da recomendada colecção Biblioteca dos Tesouros, editada com o selo da Sextante e que apresenta aos mais novos alguns dos clássicos da literatura, servidos em primorosas edições de capa dura e sempre com um olho no grafismo das edições originais.
“As Aventuras de Robin dos Bosques” (Sextante, 2018), editado originalmente no ano de 1883 – composto por uma série de pequenas histórias dentro do mesmo universo -, recua ao século XII e aos tempos do cinzento reinado de Henrique II, onde as populações do condado de Nottingham eram alvo de um estilo de liderança violento por parte de um xerife com tiques de ditador.
Com sangue quente, fervido em pouca água à boleia dos seus 18 anos, um jovem dirige-se a Nottingham para tentar ganhar um barril de cerveja num concurso de tiro ao arco, mas uma altercação com os soldados do rei acaba por resultar na morte de um deles, o que fará deste adolescente um quase eterno fora da lei, com a cabeça a prémio e a floresta como morada. É assim que nasce uma lenda chamada Robin dos Bosques, alguém que, com o tempo e uma pequena legião de dedicados seguidores, se tornará o líder de uma revolta de camponeses, que pretendem lutar pela justiça e pela redistribuição das riquezas a favor dos mais pobres.
“Já não há gente como a daquele tempo, quando um varapau robusto e um arco de teixo temperavam a fibra dos homens e lhes endureciam os membros”, lê-se a certa altura. Um lamento deixado por este narrador que, tal como Robin dos Bosques, era um amante dos tempos de capa e espada e da disciplina militar – ainda que, com Robin, esta disciplina tenha também o seu lado desregrado.
Para além de Robin dos Bosques, que consegue fazer gato e sapato do xerife e mantém o seu exército habituado a uma alimentação onda não faltam os prazeres etílicos e a aventura do saque, seguimos os passos de boa gente como o gigante João Pequeno, Will Escarlate, Frei Tuck ou Allan de Dale, isto até à entrada em cena de Ricardo Coração de Leão, que culminará num perdão real e no virar de costas a uma vida nas margens.
Adaptado vezes sem conta ao grande ecrã, “As Aventuras de Robin dos Bosques” preservou – sem grandes preocupações de seguir a História à risca – para a posteridade o tiro ao arco e as baladas medievais inglesas, tornando esta personagem imortal e levando-a numa nova direcção que acabou por influenciar escritores, artistas e realizadores no século XX. “Roubar aos ricos para dar aos pobres” acabou por se tornar num mantra, atribuído a este fora-de-lei com uma clara tendência para o verde.
O livro foi escrito por Howard Pyle, um famoso ilustrador e escritor norte-americano, apaixonado pela história da Inglaterra e pelas baladas medievais. As suas ilustrações originais acompanham esta edição da Sextante, que integra uma colecção que conta já com dez títulos.
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