Era uma vez. São muitas as histórias que começam com estas três palavras que, juntas, actuam como uma espécie de fórmula mágica. “História de uma Linha” (Editora Quatro Cantos, 2015), livro escrito por Silvana Beraldo Massera e ilustrado por Silvia Amstalden, não foge a esta premissa: «Era uma vez uma linha muito desalinhada.»
O desalinho, porém, é para ser levado muito a sério: a linha passeia desordenadamente pelo caderno onde se desenha a história, rabisca o chão, sobe ao quadro da escola para escrevinhar palavrões, escapa pelos corredores para chegar ao pátio e ao sempre bem-vindo ar livre.
É uma linha que gosta de brincar com as crianças, seja à semana, a saltar à corda ou a jogar à bola, estendendo esse espírito altruísta à gastronomia, servindo ela própria de mesa de refeições. Move-se movida pela curiosidade, entrando na casa das pessoas, oferecendo-se como fio de tricotar, transformando e dando nova vida às coisas e aos objectos. Até que a noite chega de mansinho e, com ela, a necessidade de encontrar um local para descansar.
As ilustrações, gravadas a preto e a azul, mostram um certo toque arquitectónico no que diz respeito ao enquadramento dos espaços e à disposição dos objectos, uma herança da ilustradora dos tempos em que estudou arquitectura.
“História de uma Linha” é um livro que fala da necessidade de olharmos o mundo para além da sua superfície, e de como pequenos gestos ou acções podem transformar coisas e objectos de forma incrível, alimentados pela sede de aventura e a necesidade de descoberta.
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