Ainda não é certo se este ano teremos a visita do Pai Natal que, apanhado nesta vida de pandemia e já com uma idade respeitável em cima de muita barba, é bem capaz de mandar uma delegação e as renas para tratar do assunto. Certo, certo, é que as prendas não irão faltar e, por isso mesmo, deixamos aqui algumas ideias de comics, mangás, novelas gráficas, tiras cómicas ou bandas desenhadas que ficarão que nem meias nesses sapatinhos.
“A História de uma Serva” (novela gráfica) | Margaret Atwood e Renée Atwood
Editora: Bertrand Editora
Escrito como um diário de sobrevivência, “A História de uma Serva” é um retrato político e negro da sociedade moderna, que mostra de forma soberba a injustiça que a História pratica ao tentar, em vez de julgar, apenas compreender. «Como é fácil inventar uma humanidade, seja a quem for», afirma Defred a certa altura do romance. Sábias palavras. As ilustrações de Renée Atwood, misturando técnicas e estilos de desenho, dão agora vida ao que o leitor havia desenhado com a sua própria imaginação, emprestando corpo e cor a um mundo aterrador e, de certa forma, profético, como parece ser apanágio de distopias visionárias na senda de “1984”, “Nós” ou “Admirável Mundo Novo”. Cinco estrelas. (ler crítica)
“O Último Faraó” | Jaco Van Dormael, Thomas Gunzig, François Schuiten e Laurent Durieux
Editora: Asa
Nascido a 26 de Abril de 1956 na Bélgica, François Schuiten é um dos mais extraordinários ilustradores do planeta. Em 2002 levou para casa o grande prémio do festival de Angoulêmme, concedido pelo conjunto da sua obra e o forte contributo para a história da banda desenhada. Bastará passar os olhos pela série As Cidades Obscuras – Les Cités Obscures no original -, inventada a meias com Benoit Peeters – o seu parceiro desde os 12 anos de idade -, para perceber a excelência do seu trabalho. Ou, bem mais recentemente, lendo “O Último Faraó”, uma aventura desenhada e escrita por Schuiten – com a parceria no argumento de Jaco Van Dormael, Thomas Gunzig e Laurent Durieux – que mergulha no universo mítico da dupla Blake e Mortimer. Um livro sobre a capacidade de resistência, a desobediência civil, o fazer pela vida em tempos de fim do mundo, tudo com o habitual cenários das aventuras desta dupla, onde descobrimos hieróglifos ao contrário, seres assustadores, salas que mudam de configuração, lendas fabulosas e até uma pirâmide gigante invertida – qualquer coisa como uma temporada de Stranger Things rodada no Egipto.As ilustrações de Shuiten são de outro planeta, fazendo desta homenagem às personagens criadas por Edgar P. Jacobs uma obra-prima. Um livro obrigatório para fãs de Blake e Mortimer e para qualquer apreciador de banda desenhada. (ler crítica)
“Desvio” | Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho
Editora: Planeta Tangerina
Tratado existencial aos quadradinhos, “Desvio” apresenta-nos à finitude e à forma como lidamos com esta curta viagem terrena e a antecipação do futuro, num combate diário contra o banal e a rotina, travando a incessante busca pela identidade e por cumprirmos com qualquer coisa que ainda não sabemos o que é – mas que está lá, escondida num recanto daquilo a que alguns gostam de chamar alma. Para ler enquanto o disco “Unknown Pleasures” vai rodando nos vossos headphones. (ler crítica)
“Vida de Adulta” | Raquel Sem Interesse
Editora: Suma de Letras
Com Quica entramos no mundo das filas de supermercado, enfrentamos a sempre tramada consciência, marcamos consulta no ginecologista, vamos com motivação q.b. a uma série de entrevistas de emprego, conhecemos o sempre incrível – e apertado – mundo dos transportes colectivos, aceitamos trabalhos precários e temporários sem pensar duas vezes, acusamos a pressão externa da maternidade e, naquele dia em que vestimos umas cuecas com buracos – as únicas lavadas -, cruzamos os dedos para que não seja desta que um romance mais atrevido decida aparecer. Se ainda andam a tentar perceber o que é isso de ser adulto, “Vida de Adulta” será um bom manual e o vosso melhor companheiro de grandes infortúnios e pequenas vitórias. (ler crítica)
A Ordem Mágica” | Mark Millar e Olivier Coipel
Editora: G. Floy
Mark Millar mistura de forma magistral o fantástico com o imaginário da luta de gangues, tratando de imprimir um ritmo brutal a uma história a que não falta um retrato de uma família disfuncional – todas as famílias são psicóticas, já o dizia Douglas Coupland – e twists que são autênticas montanhas-russas. A juntar a tudo isto ainda nos brinda com um assassino profissional de nome O Veneziano, uma Câmara da Alma, a Cerimónia da Varinha Quebrada ou um Horológio – um cronóvoro que entrou no mundo em 1641 e comeu a maior parte do mês de Outubro. Mark Millar did it again. (ler crítica)
“Aqui já houve algo…” | Flix
Editora: Polvo
O trabalho gráfico de Flix é de excelência, notando-se a inspiração e a presença da escola franco-belga. Cada uma das histórias tem uma cor diferente e predominante, e há mesmo algumas com um toque especial, seja o desenho em papel que parece almaço ou em folhas pautadas que surgem de repente, composições a partir de pequenas polaroids, a surpresa de um inesperado desdobrável ou o recurso ao papel milimétrico, para a construção de uma casa a partir da primeira pedra. “Aqui já houve algo” é um livro ilustrado, qualquer coisa como uma novela gráfica feita de contos visuais narrados por “testemunhas do tempo“, que mostra a importância de resgatar e de preservar a memória, tanto a individual como a colectiva. (ler crítica)
“Morro da Favela” | André Diniz (2ª edição, aumentada)
Editora: Polvo
Escrito e desenhado por André Diniz, retrata as memórias do fotógrafo Maurício Hora, nascido e criado no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, a primeira favela brasileira nascida em 1897. Muito bom argumento e ilustrações ainda mais incríveis, sempre num preto e branco desnhado num estilo muito próprio. Uma segunda edição aumentada que vale bem a pena. (crítica em breve)
“Roughneck: Um Tipo Duro” | Jeff Lemire
Editora: G. Floy
Jeff Lemire capta de forma surpreendente o mundo interior de Derek, sobretudo nas muitas tiras silenciosas onde observamos o seu mundo rotinado, a forma quase vegetal de se comportar perante o mundo, os fragmentos que o transportam ao passado – passado esse que Lemire apresenta de forma colorida, surgindo de forma avassaladora perante uma novela gráfica que vive, quase exclusivamente, de um triângulo composto pelo preto, o branco e o azul, apenas quebrado pelo vermelho do sangue e da raiva. Uma história tocante e violenta, sobre redenção e superação, que confere humanidade a vidas que habitualmente se vêem confinadas ao abandono e ao esquecimento – e onde cabe ao leitor preencher os muitos silêncios e introspecções. Jeff Lemire continua em grande. (ler crítica)
“Lucky Luke Muda de Sela” | Mawil
Editora: A Seita
As circunstâncias e o destino obrigam Lucky Luke a trocar o cavalo pelas duas rodas, numa volta à bicicleta pela pradaria onde contará apenas com a ajuda de um estranho manual, que o ensina coisas tão úteis como reparar um furo. Há também telegramas ao estilo de um romance de espionagem, coca-colas no lugar de cigarros, muitos regulamentos e um lema que serve de carapuça a este intrépido cowboy: “Nascemos e morremos na sela”. Muito bom este segundo volume de uma colecção dedicada a homenagear o cowboy que dispara mais rápido que a própria sombra – e que sucede a “O Homem que matou Lucky Luke”, também publicado pela editora A Seita. (ler crítica)
“1984” | George Orwell e Fido Nesti
Editora: Alfaguara
Adaptação a novela gráfica de “1984”, o clássico distópico de George Orwell originalmente publicado em 1949 que, com o tempo, se veio a revelar assustadoramente profético. Uma adaptação muito bem desenhada pelo brasileiro Fido Nesti, que dá aqui imagem ao negrume profundo de Orwell, num lugar onde o passado está morto e o futuro é inimaginável. (crítica em breve)
“O Gourmet Solitário” | Arnaldo Oka e Jiro Taniguchi
Editora: Devir
Tem um paladar requintado, mas não diz que não a uma tasca onde sirvam pratos mais simples. Ao longo de um compêndio de histórias, cada uma partindo de um prato japonês, “O Gourmet Solitário” (Devir) apresenta através da gastronomia e das deambulações filosóficas desta espécie de caixeiro-viajante as emoções e os ambientes de uma cultura muito particular. Mais um volume da recomendadíssima colecção Tsuru. (crítica em breve)
“Soldados de Salamina” | Javier Cercas e José Pablo García
Editora: Porto Editora
Adaptação gráfica de José Pablo García, um dos autores de banda desenhada espanhóis mais reputados, do já clássico romance “Soldados de Salamina”, escrito por Javier Cercas e que teve publicação original em 2001. Um mergulho na História e na história de Rafael Sánchez Mazas, que em finais da guerra civil espanhola escapou com vida a um fuzilamento de prisioneiros franquistas graças a um jovem soldado republicano, e que acabou por ser o fundador da Falange e ministr de Franco. Mas é também um livro sobre o processo de escrita e toda a indecisão e angústia que rodeou Cercas por esses dias, onde há ainda espaço para uma entrevista a Bolaño e uma conversa sobre super-heróis. (crítica em breve)
“As Novas Aventuras de Bruno Brazil: Black Program” | LF Bollée, Philippe Aymond e Didier Ray
Editora: Gradiva
A primeira coisa que salta à vista ao abrir-se “As Novas Aventuras de Bruno Brazil: Black Program” será, muito provavelmente, a fonte de letra escolhida, que parece funcionar como uma cápsula de tempo para uma outra era da Banda Desenhada – e com os énes ao contrário à moda do braileiro Liedson. O que não é de estranhar, uma vez que a última vez que Bruno Brazil havia entrado em acção havia sido há qualquer coisa como 43 anos. Sem descolar da série original, o trio leva o leitor numa viagem nostálgica ao passado, numa combinação entre acção e violência que continua a cumprir bem o seu papel de entretenimento. Nem a depressão pára este Bruno Brazil. (ler crítica)
Séries de continuação
“O Árabe do Futuro 4” | Riad Sattouf
Editora: Teorema/Asa
“O meu nome é Riad. Em 1988, tinha quase 10 anos e era bastante charmoso”. As palavras são Riad Sattouf no lançamento de “O Árabe do Futuro 4” (Teorema, 2020), o quarto volume de uma novela gráfica de cariz autobiográfico onde, com muito humor e sensibilidade, nos conta a sua infância e juventude passadas na Líbia do General Kadafi e na Síria de Hafez Al-Assad. Este quarto volume cobre o período que vai entre 1987 e 1992, dos 9 aos 14 anos de Riad, acompanhando o seu adeus à infância e o mergulho na adolescência, numa vida passada entre a Europa e o Médio-Oriente. As ilustrações de Riad Sattouf são incríveis, com uma grande expressividade e balões de texto que se conseguem fazem ouvir, em capítulos dominados por cores únicas que, a espaços, integram apontamentos de cores alternativas, mas sempre girando à volta do azul, do vermelho, do rosa e do verde. (ler crítica)
“Gideon Falls 3: Via Sacra” | Jeff Lemire, Andrea Sorrentino, Dave Stewart
Editora: G. Floy
Apetece-vos ler uma história aos quadradinhos que tenha o sobressalto do terror, a intriga de um thriller e o sumo da melhor das literaturas? E tudo isto com ilustrações que parecem ter sido inventadas por um tipo com as ideias desordenadas e tremores provocados pelo álcool e pelo medo? Pois bem, então dirijam-se à livraria mais próxima e levem para casa Gideon Falls. Neste terceiro volume assentamos arraiais no ano de 1886, que parece ser a chave para a imensa “Via Sacra” que vai minando a sanidade de cada uma das personagens desta premiada série, às voltas com um celeiro negro que aparece e desaparece quando lhe dá na telha. Série que resulta de uma parceria entre Jeff Lemire (Descender, Roughneck: Um Tipo Duro) – argumento -, Andrea Sorrentino (Velho Logan) – desenho – e Dave Stewart – cores. (ler crítica)
“Descender 6: A Guerra das Máquinas” | Jeff Lemire e Dustin Nguyen
Editora: G. Floy
E eis que, após 32 números compilados em seis volumes de capa dura, chega ao fim a série Descender, assinada pela dupla Jeff Lemire (argumento) e Dustin Nguyen (arte), que levou para casa uma série de prémios importantes. Com um enquadramento inicial arrancado ao Scottiano Blade Runner, que depois se veio a transformar numa space opera com muito metal à mistura, a saga termina com “A Guerra das Máquinas”, que recua 4000 anos no tempo até Ostrakov, o lar da mais avançada civilização da Galáxia, que um tanto paradoxalmente vive com medo do progresso. O final, que decorre como a descida de uma vertiginosa etapa de montanha em duas rodas, reserva-nos uma surpresa de todo o tamanho. (ler crítica)
“Baby Blues 37: Vá para fora cá dentro” | Rick Kirkman e Jerry Scott
Editora: Bizâncio
É uma daquelas séries que, tal como acontece com o universo familiar do Tio Patinhas, parece ter conseguido parar o tempo – ou, pelo menos, fazê-lo passar a uma velocidade apenas ao alcance das personagens dos livros aos quadradinhos ou servidos às tiras. “Vá para fora cá dentro” (Bizâncio, 2020), lançado originalmente em 2019, é já o 37º álbum e, ainda que algumas piadas nos pareçam já ter sido contadas como aquelas histórias familiares repetidas e perpetuadas durante décadas, continua a ser uma deliciosa acompanhar a tortuosa vida deste casal, amarrado a três filhos com dotes de pirotecnia – e que sonham com uma outra vida onde haja espaço pessoal, férias tranquilas, noites de sono e tudo aquilo que a paternidade lhes parece ter tirado. (ler crítica)
“Assassination Classroom 16: Hora do Passado” | Yusei Matsui
Editora: Devir
E eis que, ao 16º volume de Assassination Classroom, Yusei Matsui deixa uma promessa: “Assassination Classroom está prestes a entrar na sua fase final. De qualquer modo, tenho preparada uma grande variedade de desenvolvimentos até a série atingir o seu final. Por isso, espero que me acompanhem até à última paragem desta incrível viagem”. Uma promessa cumprida logo à primeira em “Hora do Passado”, sem dúvida um dos livros maiores desta série maior, que nos apresenta a um tipo com um sorriso simpático, palavras que tranquilizam qualquer um e mais de 1000 mortes no currículo. Alguém que cresceu acreditando apenas na morte, e que teve a sua recompensa recebendo a alcunha de Shinigami, o deus da morte, acabando por ser traído pelo seu discípulo, que escondeu – literalmente – o seu verdadeiro rosto. (ler crítica)
“Lazarus 3: Conclave” | Greg Rucka, Michael Lark e Santi Arcas
Editora: Devir
O único lamento que fica em relação a Lazarus, da qual “Lazarus 3: Conclave” (Devir, 2020) chegou recente às livrarias com o selo da Devir, é que não tenha sido embrulhada numa capa dura, de modo a premiar uma das mais interessantes séries do momento em formato BD. Estamos num mundo onde as fronteiras deixaram de ser definidas pela política ou pela geografia, mas sim por questões financeiras. Riqueza é definitivamente poder, concentrado num pequeno número de famílias que, entre si, disputam o domínio, forjam alianças e vivem do trabalho de gente que nem à categoria de população tem direito. Forever Carlyle, a Lazarus da família – um super-ser a quem é dado tudo o que de melhor a Família pode oferecer, entre treino, tecnologia, equipamento e tudo aquilo que a ciência apresentar como a última vanguarda -, é uma das peças centrais da estratégia de Malcom, e aqui vemo-la gravitar entre um baile clássico – com vestido e tudo –, uma missão secreta que de impossível parece ter tudo e um jogo de cintura estratégico que julgaríamos estar fora do seu baralho. Ela que será obrigada a travar um duelo de morte, todo ele mostrado apenas em quadrados silenciosos, numa fase trepidante de um livro cujo final é digno de uma peça de Shakespeare. O melhor dos três volumes até à data, que confirma Lazarus como uma das séries a não perder de vista. (ler crítica)
“Monstress 4: Os Escolhidos” | Marjorie Liu e Sana Takeda
Editora: Saída de Emergência
É umas das mais premiadas, complexas e exigentes séries de banda desenhada, que já levou para casa cinco Eisner Awards, quatro Hugo Awards, dois British Fantasy Awards e um Harvey Award. Com assinatura da dupla Marjorie Liu (texto) e Sana Takeda (ilustração), Monstress é um épico de fantasia onde há lugar para deuses, gatos (e outros animais) falantes e sombras dominantes, e onde domina a guerra, a política e a sede de poder – e, para alguns, a busca por preencher os espaços vazios da sua existência. Em “Escolhidos”, o quarto volume, continuamos a ser guiados pelo arquivo do “prezado Professor Tom Tom, antigo primeiro arquivista do templo de Is`hami e contemporâneo erudito de Namron Garra Negra”, em mais uma aventura visual dominada pelos dourados e, claro, as sombras, deixando no ar a ideia de que o grande final poderá estar à distância de mais um ou dois volumes. E, também, pela máxima de que “há sempre uma guerra. A guerra é a mais mortífera criação dos vivos e os seus apetites são infinitos”. (ler crítica)
“Death Note Black Edition I” | Ohba Obata
Editora: Devir
Uma edição muito especial da Devir, que reúne os dois primeiros do mangá Death Note num formato maior e com o preto a dominar a capa, a lombada e a margem das páginas. Para quem ainda não conhece esta série, aqui fica o resumo à boleia da contracapa: “Light Yagami é um excelente estudante, com óptimas perspectivas de futuro, mas sente-se extremamente aborrecido… até encontrar um Death Note, o caderno que um Shinigami – um dos lendários Deuses da Morte – deixa cair na Terra… de propósito. Qualquer ser humano cujo nome for escrito neste caderno morre, e Light decide usar o seu poder para livrar o mundo do mal”. Um mergulho no livre arbítrio que, aqui, vai despoletar uma perseguição entre duas mentes brilhantes. Muito bom. (crítica em breve)
“Deuses Americanos 3: O Momento da Tempestade” | Neil Gaiman, P. Craig Russell e Scott Hampton
Editoa: Saída de Emergência
Volume final da adaptação, a banda desenhada, de um dos livros maiores de Neil Gaiman, que chega ao universo da banda desenhada com uma muito bem conseguida adaptação.Esta é a história de Shadow, um tipo com cara de “não se metam comigo”, que passou três anos na prisão a manter-se em forma, a aprender truques com moedas e a pensar na mulher que amava, contando os dias até ao reencontro de ambos. Até lá foi fazendo listas de todas as coisas que faria quando recuperasse a liberdade, não conseguindo libertar-se da ideia de que algo de mau estava para acontecer, algo que acabaria por se confirmar dois dias antes da sua libertação, com o anúncio da morte da mulher e um pacto firmado com um tipo que parece demasiado estiloso para ser o Diabo. Neste volume final, os velhos e os novos deues aceitam encontrar-se no centro da América para a entrega do corpo do líder caído dos velhos deuses, a caminho de uma inevitável guerra. Para quem gosta de deuses, mitologia e banda desenhada, esta série é um prato. (crítica em breve)
“New X-Men 3: Ómega” | Grant Morrison, Frank Quitely, Chris Bachalo, Phil Jimenez e Keron Grant
Editora: G. Floy
“Um misto de pós-moderno e meta-ficcional”. É desta forma que José Hartvig de Freitas caracteriza o estilo de Grant Morrison, um argumentista do universo dos comics que, depois de ter passado com distinção um capítulo dedicado à Liga da Justiça, decidiu embarcar numa missão de alto risco. Estávamos então em 2001, cabendo a Morrison, alguém mais associado ao lado mais irreverente da criação, incutir um novo espírito a um grupo de super-heróis que tinha por nome X-Men. Uma série obrigatória para os apreciadores dos X-Men, que aqui trocam os fatos de licra de corte clássico por elegantes blusões de cabedal e outros adereços capazes de figurar num desfile da Moda Lisboa. Neste terceiro volume, um dos alunos do Insttituo do Professor Xavier decide conquistar a escola adoptando o nome de Kid Ómega. Continua também a novela entre Emma e Ciclope, que promete fazer correr muita mutação. O próprio Ciclope, Wolverine e um mutante chamado Fantomex, viajam para outro Mundo à procura da chave para o seu passado e a revelação dos segredos mutantes. Muito castiça esta revolução X-Meniana protagonizada por Grant Morrison. (crítica em breve)
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