Colocado à venda pela primeira vez em formato de livro-disco, em 1967, “O Menir de Ouro” (Asa, 2020) tornou-se, com o passar do tempo, numa espécie de relíquia perdida, um objecto perseguido por coleccionadores de vinil e, sobretudo, pelos seguidores das aventuras escritas por Goscinny e ilustradas por Uderzo. A boa notícia é que este menir foi agora transportado para mais um álbum, que passa a integrar a colecção de álbuns ilustrados fora da colecção onde já estão os títulos “Os XII Trabalhos de Astérix”, “Como Obélix Caiu no Caldeirão do Druida Quando Era Pequeno” e “O Segredo da Poção Mágica”.
1967 foi o ano em que, pela primeira vez e graças a este Menir, a tiragem de um álbum (ou disco) ultrapassou o milhão de exemplares, e também o ano da chegada do filme animado “Astérix, o Gaulês” ao grande ecrã. “O Menir de Ouro” tornou-se, assim, na primeira história a ser publicada fora da colecção de banda desenhada.
A partir de digitalizações das ilustrações do livro-disco de 1967, os colaboradores de Albert Uderzo sacaram de todos os ases para restaurar os desenhos de acordo com a vontade do co-criador de Astérix, que pôde supervisionar em finais de 2019 o minucioso trabalho de restauro levado a cabo por esta equipa dedicada. O mais difícil terá sido eliminar a trama da impressão, mas conseguiram preservar os traços a tinta do ilustrador. Foi também feita uma actualização e uma calibragem das cores, fiel ao acabamento original, num rejuvenescimento que, se fosse um comic, seria qualquer coisa como o regresso do Capitão América ao mundo depois de uns valentes anos passados no gelo.
“Não cantarás, Cacafonix!” tem sido um dos lemas mais levados a peito pelos intrépidos gauleses que, muitas vezes, acabavam por deixar o bardo amarrado durante os jantares comemorativo, não fosse a garganta fazer das suas. Porém, quando se aproxima o Festival dos Bardos Gauleses, qualquer coisa como o Festival da Canção da Gália, Astérix e Obélix decidem, ainda que por motivações diferentes – entre a protecção e a ideia de zaragata – acompanhar Cacafonix e o seu sonho de conquistar o Menir de Ouro.
Enquanto decorre o Festival, e de forma a quebrar o tédio vivido no acampamento militar, o general Mentolitus decide raptar o melhor dos bardos, longe de saber que vai acabar com Cacafonix a furar-lhe os tímpanos.
Para o final, este álbum com edição da Asa reserva algumas páginas que contam mais sobre este tesouro reencontrado, onde se incluem imagens da capa do disco e das páginas do libreto original que o acompanhava. Mas a grande surpresa está reservada para a última página: a versão sonora de “O Menir de Ouro” em português, acompanhada por música original e efeitos sonoros. Protejam bem esses ouvidos, Cacafonix anda por aí!
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