Tem onze anos e uma auto-estima de todo o tamanho, impermeável ao sarcasmo, à ironia e aos comentários pouco abonatórios das miúdas, com quem tenta cair em boas graças sem qualquer sucesso. O seu nome é Nate Wright, uma criação feita em tiras cómicas por Lincoln Pierce, que já desenha este castiço personagem há mais de trinta anos.
“Big Nate e Companhia” (Nuvem de Letras, 2020) é o terceiro volume das aventuras deste intrépido pré-adolescente, e continua a manter elevados os índices de humor e boa-disposição, com Francis e Teddy a acompanharem Nate nos seus bons e – sobretudo – maus momentos.
Sentamo-nos à mesa para o jogo anual de monopólio de véspera de ano novo. Ficamos a conhecer uma das resoluções de ano novo do Nate para alcançar um novo nível de auto-aperfeiçoamento – “Decidi não me deixar afectar mais pelo comportamento irracional e sociopático da professora Godfrey” -, assistindo à forma voraz como este consegue sabotar todas as outras numa questão de poucos dias. Acompanhamos a sua decisão de se tornar um conselheiro dos colegas. Assistimos à sua queda como número um do xadrez escolar, depois da entrada em cena de um jovem campeão da Bielorrússia. Entramos de férias mas não conseguimos evitar a antecipação do regresso, mesmo que motivados pela mudança da professora Godfrey – que talvez tenha procurado uma outra escola.
O cacifo continua uma pilha de lixo, ainda que dele Nate consiga sacar de uns ases que o colocam – ainda que momentaneamente – nas boas graças de alunos e professores.
Enquanto não consegue conquistar para si uma alcunha fixe, mantém o fascínio por Harry Potter, lendo todos os livros mais do que uma vez e criando mesmo o clube Harry Potter, que se dedica a responder a questões fundamentais como: “Quem seria o vencedor num duelo entre o Voldemort e o Dumbledore?”. Uma bola de neve de loucura que acaba de forma gramatical, transformando Natear num verbo capaz de designar coisas não fixes. Para ler enquanto se comem uns aperitivos de queijo sacados na máquina automática.
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