Para quem tem por hábito ler histórias aos filhos antes de a noite arrancar para uma merecida maratona – ou ouvir as histórias que estes lhes lêem -, muitas vezes surge o imprevisto do tempo e o proferir de frases rotineiras como «só mais uma página», colocando a parentalidade entre o arriscar de mais um hiato temporal até ao merecido sono ou, em alternativa, deixar pendurada uma história que até nem é assim tão longa.
Se a noite for propícia a uma história breve e divertida, que ajude a embalar mas não dê tempo para o pequeno leitor/ouvinte adormecer, a colecção As Histórias da Mãe Galinha (Editorial Presença) é deveras preciosa, com temas e assuntos clássicos – desencantados por Christine Beigel – e desenhos encantadores e muito divertidos de Hervé Le Goff. Nos dois últimos livros publicados, por exemplo, andamos à cata dos piolhos de um panda ao mesmo tempo que convencemos uma zebra a trocar uma vida de saltimbanco pela do ensino. Mas vamos por partes.
Pintareco é um panda que, de acordo com um dos muitos pintos da Mãe Galinha, «está cheio deles». De piolhos, entenda-se. Para resolver o problema colocado neste “O Panda que tinha piolhos” há que recorrer à matemática, num exercício que, para além de dotes matemáticos, exige igualmente uma visão apurada. Quando todas as contas parecem mal resolvidas, entra em acção um gafanhoto com alma de flautista de Hamelin, que tratará do problema em três tempos. Mas será mesmo assim?
Em “A Zebra que não queria ir à escola” somos apresentados a um animal às riscas que se julga mais esperto que todo o reino animal e que, em vez de ir à escola, se diverte a fazer gazeta e a passear sozinho. Isto até ao dia em que a zebra dá de caras com uma pantera que, antes de se servir dela como refeição, decide fazer-lhe uma pergunta. Se a zebra tiver a sorte de acertar, escapará aos dentes da pantera. A ignorância é porém tanta que a pantera, incrédula, vai colocando questões em cascata em busca de uma centelha de inteligência. E de estômago vazio.
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