De 8 a 11 de Outubro, “Por Terras de Cabral” junta Gilberto Gil, Onésimo Teotónio Almeida, Ivan Lins, António Zambujo, Tim Bernardes, Pedro Abrunhosa, Tom Zé, Bruno Nogueira, Gregório Duvivier e Mariana Cabral (Bumba na Fofinha) num ciclo de conversas que aproxima Santarém do Brasil. Fica o press release de apresentação destas conversas que terão lugar online e que vão estreitar as margens do Atlântico.
Há 500 anos falecia, em Santarém, o navegador e explorador português Pedro Álvares Cabral, ficando sepultado na Igreja de Santa Maria da Graça, monumento nacional desde 1910 e um dos mais importantes exemplares da arte gótica em Portugal. Quase três séculos depois, há 198 anos, dava-se a Independência do Brasil. É a partir destes dois momentos históricos que o município de Santarém promove “Por Terras de Cabral”, de 8 a 11 de Outubro, um diálogo on-line entre Portugal e Brasil, dois países diferentes mas irmãos, que partilham um património ímpar, feito de língua, história, música, humor, literatura ou gastronomia. Convidando 8 figuras proeminentes da Cultura dos dois lados do Atlântico para um ciclo de conversas, troca de ideias e descobertas mútuas, num encontro a meio da ponte, longa de cinco séculos, Santarém esbate fronteiras, ao longo de 4 noites, sempre às 22H00, em conversas que podem ser acompanhadas aqui.
No dia 8 de Outubro, cabe ao escritor, filósofo e ensaísta Onésimo Teotónio Almeida e ao músico e ex-Ministro da Cultura do Brasil, Gilberto Gil, inaugurarem este ciclo de conversas, com moderação do, também, escritor Valter Hugo Mãe, depois de um showcase pelo músico brasileiro Ivan Lins, às 21H30; nos dois dias que se seguem, é a vez de 4 artistas conduzirem as conversas para os territórios da criatividade inesgotável e das colaborações cada vez mais frequentes entre músicos dos dois países: António Zambujo e Tim Bernardes, no dia 9 de Outubro, com moderação do jornalista João Gobern, e a 10 de Outubro, Pedro Abrunhosa e Tom Zé, com moderação do jornalista Carlos Vaz Marques; o encerramento, a 11 de Outubro, estará a cargo dos humoristas Bruno Nogueira, Mariana Cabral (Bumba na Fofinha) e Gregório Duvivier, com a jornalista e escritora Inês Fonseca Santos a moderar, numa conversa em que se fará uma leitura do papel do humor na relação entre Brasil e Portugal.
Numa época tão delicada como a que vivemos com a pandemia Covid-19, é imperioso centrarmo-nos na memória cultural, histórica e coletiva destes dois países irmãos. Longe de perspectivas políticas e nacionalistas, os dois países descobrem-se um ao outro ao longo da história e da cultura, seiva que alimenta a identidade e persiste em sobreviver contra todas as adversidades.
É em Santarém, cidade com mais de mil anos de História, às margens do Rio Tejo, que se encontra a Casa do Brasil/Casa de Pedro Álvares Cabral, chão de duas pátrias e solar que abrigou o primeiro europeu a conhecer o Brasil, desde o seu retorno do Oriente (1501) até à sua morte (1520). Mesmo ao lado, num dos monumentos mais emblemáticos da cidade, a Igreja da Graça, repousam os seus restos mortais e em frente a esta, uma estátua da autoria do escultor Domingos Soares Branco homenageia o português que foi casado com uma das mulheres mais ricas de Portugal, D. Isabel de Castro.
Cabral é lembrado pelos brasileiros anualmente a 22 de Abril, tendo-lhe sido erguido um monumento na cidade do Rio de Janeiro e na cidade de Belo Horizonte, e dado o seu nome a uma das suas principais vias, a Avenida Álvares Cabral. Em Portugal, Cabral tem ainda monumentos em Lisboa e em Belmonte, a sua terra natal.
Pêro Vaz de Caminha, escrivão da frota comandada por Pedro Álvares Cabral, numa carta enviada ao rei de Portugal, D. Manuel I, retrata o navegador como um homem de vigor, dinâmico, de grandes feitos e cauteloso.
Com dez naus e três caravelas, a esquadra liderada por Cabral era a maior e a mais extraordinária que Portugal jamais enviara para navegar o Atlântico. Partiu de Lisboa no dia 9 de março de 1500. Cabral dirigia 1500 homens entre marujos, soldados, grumetes, pilotos, escrivães e capitães de sangue nobre. Levava na expedição: canhões, pólvora e espadas afiadas.
Pedro Álvares Cabral ocupa um lugar de peso na História Universal. O facto de ter sido o primeiro europeu a conhecer o Brasil a 22 de abril de 1500, assegura-lhe o justo protagonismo que tem, mas o significado da sua figura é muito mais importante na medida em que foi o primeiro homem a ter viajado e conhecido os quatro cantos do mundo. Com efeito, entre 1500 e 1501, Pedro Álvares Cabral conseguiu unir por via marítima os quatro continentes ao ter saído da Europa e aí regressado, após ter passado por África, América e Ásia. Ao realizar estas conexões, Pedro Álvares Cabral tornou-se, juntamente com Fernão de Magalhães, um dos maiores símbolos do início da mundialização, a qual está na origem remota da atual globalização, sendo considerado o último dos grandes navegadores portugueses do século XV. Desde então, Portugal tornou-se o país mais arrojado e ativo da Europa, pela ousadia de abrir as fronteiras marítimas graças aos seus conhecimentos náuticos.
As relações entre Portugal e o Brasil são ímpares e atravessam um momento promissor, tanto do ponto vista político, económico, social e cultural. No plano cultural, o crescente fluxo de artistas plásticos, cineastas, escritores, músicos e atores, dos dois lados do Atlântico, tem contribuído para a atualização e modernização da imagem recíproca das duas culturas e sociedades.
A comunidade brasileira é, hoje em dia, a maior comunidade estrangeira residente em Portugal, o que é um indicador relevante dos laços e afinidades que aproximam os dois países.
Desde que Pedro Álvares Cabral aportou – não por acaso- a Porto Seguro e aí fez iniciar o romance verídico de uma relação única no mundo, tudo o que fizemos juntos, tudo o que somos juntos, leva-nos a enfrentar, em união, os desafios do século XXI, para que nele venhamos a partilhar novas descobertas.
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