Trata-se de uma iniciação levezinha ao mundo da Mitologia, apontada aos mais novos, e que poderá servir de trampolim para que estes se interessem por um universo fascinante – e que tão boa literatura tem suscitado.
“O Meu Primeiro Livro da Mitologia” (Bizâncio, 2020) propõe uma viagem pelas mitologias de todo o planeta, seguindo uma ordem cronológica e tendo como guia Chiron, um centauro que se assume como um professor. O aviso fica desde logo em cima da mesa: “Há muitos deuses de natureza imprevisível, animais fantásticos e monstros poderosos”. Chiron promete não só mostrar os poderes mas, também, os pontos fracos dos deuses, os truques usados pelos heróis, a melhor forma de tentar fazer amizade com criaturas fantásticas e quais os melhores ardis contra monstros tremendos.
Uma viagem que principia no Monte Olimpo, a residência oficial de todos os deuses da Grécia, começando com Zeus e a sua numerosa família. Para cada deus ou deusa, para além de uma pequena apresentação ao estilo de um BI – ou CC -, mostram-se os seus animais sagrados e as principais características. Conhecemos a infância difícil de Zeus, escondido pela mãe por causa do pai Cronos – que tinha o péssimo hábito de comer os filhos para que estes não o desafiassem quando crescidos -, ou damos conta da ironia de Hera, a mulher de Zeus que teve de assistir impávida a um número infindável de facadas matrimoniais do marido, ter sido eleita a protectora dos casamentos.
Nos heróis há boa gente como Jasão, o líder dos argonautas que teve de roubar um manto guardado por um dragão, ou o infeliz Aquiles, que por um deslize literal da mãe acabou por ter a imortalidade condicionada por um calcanhar defeituoso. Quanto a seres fantásticos temos a Fénix, capaz de ir desta para melhor para depois renascer das próprias cinzas, ou monstros como a quimera, figura mitológica com corpo de leão, uma cabeça de cabra no dorso e uma serpente da cauda. Antes do fim desta demorada paragem contam-se histórias incríveis como a Caixa de Pandora, Os Doze Trabalhos de Hércules ou a do assustador Minotauro.
No Antigo Egipto, destaque maior para Rá, o deus do Sol, e os seus irmãos belicosos e vingativos: Osíris e Set. O universo feminino está bem representado por figuras como Ísis ou Hator, responsáveis pela harmonia e pela ordem. Há animais sagrados como o gato e o escaravelho e, ao estilo de uma conversa no café pirâmide, discute-se a pesagem dos corações, tema muito em voga naqueles tempos.
Salta-se depois às terras geladas e distantes dos nórdicos, onde o sol se comporta de forma estranha. Um fenómeno propício ao surgimento de gigantes, animais fantásticos e guerreiros poderosos. Os deuses, esses, vivem todos num condomínio fechado chamado Asgard, descendendo todos do grande Odin, o líder supremo. Mas há também Thor e o seu martelo, o mentiroso Loki e as sumptuosas Freifa e Friga, nome que daria um bom duo musical para animal bailes e romarias. Conta-se tudo sobre o mito de Dagr e Nótt, uma explicação alternativa para o ciclo do dia e da noite, ou a cavalgada das valquírias. Sem perder de vista seres fantásticos com nomes tão impronunciáveis quanto Nidhoggr, Hafgufa ou Ratatoskr.
Quanto a deuses indianos temos Brama, o criador do universo, Shiva, o destruidor, e Vishnu, o pacificador. Mas também Parvati, mulher de Shiva e filha do senhor dos Himalaias. História incrível é a do mito de Garuda, da Tartaruga e do Elefante.
Os deuses chineses tiveram origem no velho deus Pangu, que criou o vento com a sua voz, o sol e a lua com os seus olhos e as montanhas com o seu corpo de gigante. O papel de animal guardião cabe a malta colorida como o tigre branco e a tartaruga negra.
A viagem segue rumo à América Central para conhecer os Maias e os Astecas, dois povos onde vivem Yum Kaax e Chaac, deuses da chuva e das suas boas amigas rãs. Com sorte veremos o colorido Quetzal e escutaremos os macacos barulhentos, criaturas da floresta com poderes fantásticos e inesperados.
A última paragem faz-se junto dos índios americanos, que têm como mitos centrais os temas da natureza e dos animais. Rei e senhor incontestável é o Grande Espírito, o criador de todas as coisas, associado a símbolos sagrados como o apanhador de sonhos. Deliciosa é a história de como foi criada a lua cheia, com uma banda sonora carregada de uivos.
Marzia Accatinno nasceu em Valenza (Itália) em 1982. É licenciada em Comunicação e mestre em Comunicação Multimédia. Depois de alguns anos a colaborar com editores italianos, dedicou-se à educação de infância e fez mais um curso universitário. Graças à sua colaboração com a White Star Kids regressou à edição e reuniu, com êxito, as suas duas maiores paixões: os livros e a educação infantil.
Laura Brenlla começou a aprender desenho formalmente com 16 anos, mas na realidade cresceu sempre rodeada de pincéis. Ganhou uma bolsa de estudo em Arte para a Universidade Europeia, em Madrid, e depois especializou-se em cartoon. Estagiou no prestigiado estúdio de animação SPA, sob a supervisão de Fernando Moro. Nos últimos anos tem sido a ilustradora de diversos livros da White Star Kids.
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